O que têm em comum Pedro Castro e Almeida, Nuno Matos, Eduardo Stock da Cunha, António Domingues, António Horta Osório, Raul Galamba, Fernando Ulrich e Maria Luís Albuquerque? São portugueses e estão nas administrações de bancos com sede ou filiais na Europa.
O mais recente banqueiro português no board de um banco europeu é Eduardo Stock da Cunha, que foi eleito administrador não executivo do Barclays Europe, a sucursal do grupo britânico sediada na Irlanda e que trata do negócio do Barclays Group na União Europeia. Em declarações ao Jornal Económico o banqueiro acrescenta que é "membro dos Comités do Conselho de Administração, ou seja, Risk Committee, Audit Committee, Nominations Committee e Remuneration Committee”.
Na sequência do Brexit, os grandes bancos internacionais, que tinham sede em Londres abriram subsidiárias na União Europeia para poderem operar nos vários países do euro ao abrigo do passaporte comunitário. Foi o caso do Barclays que abriu o Barclays Europe e do Morgan Stanley que criou o Morgan Stanley Europe. Recorde-se que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foi em 2022 nomeada para o Supervisory Board da subsidiária alemã do banco norte-americano Morgan Stanley. O modelo de Supervisory Board na legislação alemã é comparável, em termos de funções, ao que existe em Portugal com a administração não executiva.
Eduardo Stock da Cunha (ex-administrador do Santander Totta e ex-CEO do Novobanco) é administrador não executivo de uma subsidiária do Barclays que opera em 10 países europeus e tem um balanço com ativos de 130 mil milhões a 150 mil milhões de euros. O Barclays Europe é essencialmente um banco de investimento e de empresas, ou como é conhecido na gíria anglo-saxónica, CIB: Corporate and Investment Banking.
O banco britânico Barclays está considerar a possibilidade de mudar sua sede europeia de Dublin para Paris, no que poderia ser mais um benefício para a capital francesa, à medida que procura expandir-se como um banco global.
Recentemente ficou conhecido que António Domingues, o antigo presidente da CGD e ex-vice-presidente do BPI será o novo administrador do banco italiano UniCredit. António Domingues é proposto para administrador não executivo, com mandato de três anos. António Domingues disse ao Jornal Económico que irá acumular o cargo no UniCredit com os cargos atuais que também são não executivos. Está, desde 2022, como administrador não executivo no Banco CTT.
Mas não se fica por aqui o "take-over" que os bancos europeus fazem aos banqueiros portugueses, Nuno Matos (um ex-Santander tal como Eduardo Stock da Cunha) é o responsável executivo da Global Wealth & Personal Banking, do HSBC Holdings PLC. Integra a comissão executiva do HSBC que tem sede em Londres, mas cujo foco é no mercado asiático.
Para já não falar de Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Portugal, que foi escolhido pelo grupo Santander para liderar o negócio da Europa. Discretamente, o CEO do Santander Totta é, desde setembro do ano passado, o timoneiro do banco liderado por Ana Botín para toda a Europa.
Mantendo-se como CEO do Santander Portugal, o banqueiro passou a liderar a transformação na região. Com responsabilidade pelo negócio da Europa (incluindo os bancos Santander em Espanha, Reino Unido, Polónia e Portugal), reportando ao CEO do Grupo, Héctor Grisi. Com os CEOs de Espanha, Reino Unido e Polónia a reportarem-lhe diretamente.
Pedro Castro e Almeida substituiu António Simões que deixou o banco para assumir novas funções como CEO do Grupo Legal & General plc.
Há ainda a destacar Raul Galamba, que desde março de 2020, e por um período de quatro anos, é Non Executive Board Member do espanhol BBVA. Cargo que acumula com o de administrador não executivo dos CTT, da Fundação Manuel Violante e José de Mello Saúde,
Depois, quando se fala em banqueiros portugueses no estrangeiro, é impossível não falar em António Horta-Osório que "inaugurou" a internacionalização dos banqueiros portugueses tendo assumido cargos de liderança no Santander e no Lloyds Banking Group. Hoje, e desde 2022, está como consultor sénior da administração do banco italiano Mediobanca e é advisor da Cerberus. Mas a sua carreira internacional na banca europeia é conhecida. António Horta-Osório foi presidente do Grupo Credit Suisse de 1 de maio de 2021 a 16 de janeiro de 2022, depois de ter sido CEO do Grupo Lloyds Banking Group, para o qual foi nomeado em 2011, a convite do Governo britânico. Banco que liderou por 10 anos, tendo conseguido recuperar o banco britânico e devolver o dinheiro dos contribuintes por completo em 2017.
Antes do Lloyds, ocupou diversas funções de gestão no Grupo Santander de 1993 a 2010, nomeadamente como Chief Executive Officer em Portugal, Brasil e Reino Unido, esteve na Abbey National, quando este adquiriu os Alliance & Leiscester e Bradford & Bingley, durante a Grande Crise Financeira, para os fundir no Santander UK em 2010. Anteriormente, também trabalhou para o Goldman Sachs e para o Citibank entre 1987 e 1993.
A completar este elenco, o banqueiro Fernando Ulrich, histórico CEO do BPI, é hoje administrador não executivo do CaixaBank, ao mesmo tempo que acumula com a função de Chairman do BPI.