O Banco Master retirou o pedido feito ao Banco Central Europeu (BCE) para autorização da compra do BNI Europa, apurou o Jornal Económico. A decisão surge depois de no fim de 2021 o grupo brasileiro ter anunciado a compra de 100% do capital social do Banco BNI Europa. O processo fazia parte de uma expansão da instituição, que passaria assim a operar na Europa.
Fonte ligada ao processo, disse ao Jornal Económico que o Banco Master alterou a sua estratégia de expansão para o exterior, e que é esse o motivo que conduziu à não concretização da compra do BNI Europa. A mesma fonte sublinha que esta decisão do Banco Master nada tem a ver com o BNI Europa nem com a sua operação.
O grupo brasileiro comprador chegou a pagar o sinal de 8,5 milhões de euros e recebeu como garantia as ações do próprio banco. Este valor foi entregue ao atual acionista, o angolano BNI, que depois os injetou na instituição portuguesa num reforço do capital.
Não foi possível saber se houve devolução dos 8,5 milhões ao Banco Master. O BNI não comentou.
A operação de aquisição precisava da autorização dos supervisor bancário. Quase dois anos depois da entrega da proposta em 2021, o Banco Master retirou a proposta. Segundo outras fontes do mercado, o BCE não terá ficado convencido com a proposta, o que pode explicar que o Banco Master tenha tomado a decisão de retirar a proposta.
Segundo a lei, quem pretenda deter participação qualificada numa instituição de crédito deve comunicar previamente ao Banco de Portugal o seu projeto, que notifica o BCE e que decide com base no parecer do banco central local.
O Banco BNI Europa, que opera em Portugal desde 2014, vê assim falhar a terceira tentativa no espaço de quatro anos.
O contrato de compra e venda para a venda do BNI Europa ao Banco Master foi assinado a 26 de novembro de 2021 e seguiu-se uma auditoria específica técnica, legal e financeira (due dilligence), que acabou a 10 de dezembro desse ano.
No mesmo mês, o grupo brasileiro pagou o sinal, de 8,5 milhões de euros, mais de dois terços do total de 13 milhões de euros que foi acordado, de acordo com o que é relatado no relatório e contas de 2021 do banco angolano BNI,
O BNI Angola tem como principal acionista Mário Palhares, ex-vice-governador do Banco Nacional de Angola.
Apesar da falha da venda, o Banco de Negócios Internacional (Europa) continua alive and kicking, e acaba de abrir uma nova unidade de negócio, de intermediação financeira e banco depositário de organismos de investimento coletivo.