Foi com satisfação que o município do Barreiro recebeu o anúncio do impulso extra à Terceira Travessia do Tejo (TTT), dada pelo Governo de Luís Montenegro na última semana. Apesar de este ser um projeto que tem estado na gaveta, o presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Frederico Rosa, acredita que é desta que o projeto vai passar a ser uma realidade. “A Terceira Travessia do Tejo é um projeto nacional e internacional. Aquilo que sentimos é que podem estar finalmente reunidas as condições para este não ser mais um anúncio, mas para ser o primeiro passo daquilo que nós queremos, que é esta ligação concretizada”, refere o autarca em entrevista ao Jornal Económico.
Dada a dimensão deste projeto, Frederico Rosa assume que é possível lançar a primeira pedra em 2030, caso sejam concluídos os licenciamentos, nomeadamente o licenciamento ambiental, os projetos de execução concretizados, onde se inserem as consultas públicas, o concurso público, as adjudicações e a parte legal com eventuais providências cautelares. “Todo este processo, se chegarmos a 2030 prontos a lançar a primeira pedra, é possível e acho que era uma grande vitória”, salienta.
O autarca assume que a Terceira Travessia do Tejo é uma necessidade reconhecida por todos, mas que no Barreiro era visto como um projeto “maldito”. “Quase que não se podia falar nele”, completa. Frederico Rosa não ficou surpreendido pelo facto de o Governo ter anunciado esta decisão juntamente com a escolha do novo aeroporto em Alcochete, bem como da ligação de Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid. “Mais do que surpreendido fiquei satisfeito por não ter sido adiado, para um anúncio menorizado em relação ao aeroporto. Parece-me que foi correto, englobado nesta lógica, porque elas estão interligadas entre si”, sublinha.
Com um investimento estimado em 2,2 mil milhões de euros caso venha a ter ferrovia e rodovia (que é quase uma certeza), Frederico Rosa entende que estes valores não podem ser vistos à luz do valor atual, dado que grandes investimentos nacionais têm de se estender no tempo. “Se alguma coisa foi feita só para a ferrovia, ela não vai estar preparada nunca para ser também rodoviária e estes investimentos estruturantes temos que os pensar a largo prazo, a largas décadas. Por isso, faz todo o sentido este investimento. Sabemos que não se fazem pontes todos os dias, nem todos os anos, muito menos todas as décadas”, afirma.
O autarca não tem dúvidas de que este vai ser um projeto com um impacto “tremendo” para a cidade do Barreiro e garante que o município está preparado para dar resposta, nomeadamente num dos temas mais problemáticos do país, a habitação. “Vamos ter com certeza questões relacionadas com a habitação, já as temos hoje. Com os serviços públicos, escolas, a saúde, com questões de mobilidade. Há uma faixa que é muito importante e que muitas vezes não encontra solução, quer na habitação social, quer na habitação a preços de mercado, que são os jovens que querem sair de casa dos pais, estão em fase inicial das suas profissões, querem começar a constituir a sua família, que é o arrendamento acessível”, salienta.
Como tal, o presidente da CMB refere que até ao final deste ano conta ter pelo menos 200 fogos já em concurso para poderem ser construídos, sendo que mesmo antes do anúncio da nova ponte, já tinha em mente entre os 300 a 400 fogos de arrendamento acessível. “Mais uma vez estas respostas a este fluxo não podem ser dadas só por um município. Tem que ser de uma forma estratégica global, porque há um risco que nós sabemos que corremos, mas não o queremos cometer, que tem a ver com a descaracterização das cidades”, conclui.