As promessas eleitorais de Donald Trump ganharam corpo na tomada de posse. Mantém-se a ameaça de lançar uma guerra de tarifas ou, em alternativa, aumentar os impostos às empresas não-americanas que operam nos EUA. Este risco altera as previsões de crescimento?
A implementação de tarifas adicionais sobre produtos exportados para os EUA pode reduzir a competitividade das exportações europeias, incluindo as de Portugal. Contudo, tendo em conta que os setores automóvel, de maquinaria industrial e das indústrias de químicos representam à volta de 70% das exportações para os EUA, países como a Alemanha e França serão muito mais afetados do que Portugal, que, além disso, beneficia do turismo norte-americano. Na nossa opinião, isto é, do Santander Asset Management, as tarifas deverão servir de alavanca para negociações, o que no caso da Europa se prenderá com a compra de gás natural.
A decisão de retirar os EUA do acordo global sobre impostos firmado no âmbito da OCDE terá que efeitos?
É uma decisão que pode desestabilizar a cooperação internacional em matéria fiscal. O acordo da OCDE, que visava implementar um imposto mínimo global de 15% sobre os lucros das empresas, foi projetado para combater a erosão da base tributária e o deslocamento de lucros. Sem a participação dos EUA, a eficácia do acordo pode ficar comprometida.