O Abanca deu mais um passo para ganhar dimensão em Portugal ao concluir a compra do EuroBic, tornando-se na sétima maior entidade bancária no país. Um passo que “mexe” com o paradigma do sector bancário português, mas também com os clientes do ex-Banco BIC que passam a ter acesso a novos produtos, mas também a produtos com um custo mais baixo. No caso das contas pacote, vão mesmo poder poupar alguns euros por ano na comissão de manutenção.
“Com a incorporação do EuroBic ganhamos eficiência e capacidade comercial para estarmos mais próximos dos nossos clientes e melhorar a qualidade do serviço”, disse Francisco Botas, CEO do Abanca, quando foi anunciada a conclusão da compra do EuroBic, em julho. Este esforço está à vista no preçário de transição do EuroBic/Abanca, em vigor desde 13 de julho.
O documento, consultado pelo Jornal Económico (JE), mostra que os clientes vão poder optar por uma nova conta pacote designada por “Conta Plus”, com uma comissão de manutenção de cinco euros por mês, sem condições de bonificação, e de três euros por mês, com condições de bonificação, mais Imposto do Selo (IS) de 4%. Ou seja, um custo de 60 e 36 euros (mais IS), respetivamente, por ano. De acordo com o preçário, a bonificação pode ser conseguida se houver uma adesão e manutenção do serviço EuroBic Abanca Net.
No preçário do EuroBic, que estava em vigor desde abril, a comissão de manutenção mais baixa entre as contas pacote era de 3,25 euros na “Conta EuroBic 365 com domiciliação de vencimento” (com condições de bonificação que exigem a adesão e manutenção do serviço EuroBic Abanca Net e a documentos digitais), ou seja, 39 euros por ano, mais IS. Sem condições de bonificação, este encargo sobe para 4,25 euros por mês. O JE questionou o Abanca sobre até quando estará em vigor este preçário, mas não obteve resposta.
Esta conta pacote do EuroBic, que continua a constar do preçário de transição, é mais onerosa do que aquela que foi entretanto criada. Com a “Conta Plus”, os antigos clientes do EuroBic conseguem poupar 25 cêntimos por mês, ou seja, uma redução de 7,7%, o que equivale a uma poupança de três euros ao fim de um ano. É mais barata, considerando que os serviços incluídos no pacote são praticamente os mesmos.
Uma transição para o fim da marca EuroBic
O preçário de transição faz parte de um processo que vai culminar no fim da marca EuroBic, quando ficar concluído o processo de integração tecnológica e operacional, o que deve acontecer ao longo de 2025. “Estamos num processo de integração do EuroBic e essa é a nossa prioridade”, disse o presidente do Abanca, Juan Carlos Escotet Rodríguez, durante a conferência de imprensa para a apresentação dos resultados referentes ao primeiro semestre.
Esta mudança arrancou desde logo, sendo já visível a mudança da imagem exterior dos balcões e a remoção dos antigos elementos relacionados com a marca EuroBic. “O logótipo de transição será também apresentado nos diferentes canais digitais (web, banca eletrónica e mobile), bem como nos cartões de crédito e débito”, referiu o banco à data da conclusão da compra. Uma operação que permite ao Abanca triplicar a sua presença no país, com 251 agências, mais de 300 mil clientes e cerca de 20 mil milhões de euros de volume de negócios.
Este processo também põe fim à incerteza em torno da estrutura acionista que pairava desde 2020 quando surgiu o caso “Luanda Leaks” que ditou a saída de Isabel dos Santos do banco. A empresária angolana tinha uma participação de 42,5% no EuroBic, arrestada pelas autoridades, enquanto 37,5% eram detidos por Fernando Teles. O restante capital pertencia a outros acionistas, como era o caso de Manuel Pinheiro Fernandes, Sebastião Lavrador e Luís Cortez dos Santos.