“A parceria dos Estados Unidos com Angola está a proporcionar grandes investimentos em transporte, energia limpa e outros projetos que vão conectar ainda mais a nação do sul da África à economia global e aumentarão oportunidades”, refere uma nota oficial da administração Biden – que iniciou esta segunda-feira uma visita ao Estado africano (depois de passar fugazmente por Cabo Verde). Mas o grande investimento – no qual os parceiros exteriores de Angola apostam decisivamente – é o chamado Corredor do Lobito.
O comunicado disso dá conta: “os Estados Unidos e parceiros do G7, Itália e União Europeia estão a investir no Corredor do Lobito, uma rota comercial que ligará o Porto Atlântico do Lobito, em Angola, à Zâmbia e à República Democrática do Congo por meio de ferrovia e vários outros projetos”. Para a administração Biden, “o Corredor revitalizado, parte da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGI), dos Estados Unidos e do G7, estimulará o crescimento econômico por via de infraestrutura de transporte, conectividade digital, recursos de saúde, energia limpa e projetos de desenvolvimento agrícola”.
“Os Estados Unidos apoiam esforços para atualizar um porto e 1.287 km da Ferrovia Atlântica do Lobito”. A infraestrutura transportará minerais necessários para a produção de energia limpa e impulsionará o comércio e o desenvolvimento regionais ao melhorar o acesso a mercados globais. Vale a pena recordar que Angola possui 36 dos 51 minerais considerados mais críticos do mundo, nomeadamente crómio, cobalto, cobre, grafite, chumbo, lítio, níquel e outros, que representam uma “oportunidade geracional” para o governo angolano, segundo afirmava há meses o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, no Fórum Angolano de Investimento Mineiro, enquadrado na Conferência Mining Indaba 2023, que decorreu na Cidade do Cabo. De recordar ainda o facto de Angola ter decidido sair da OPEP há exatamente um ano - ganhando assim autonomia negocial e independência face às opções estratégicas e quase sempre geopolíticas da organização controlada pelos países produtores da Península Arábica.
De qualquer modo, outras iniciativas ainda na área das infraestruturas incluem: “empréstimos que totalizam 2,5 mil milhões de dólares com o objetivo de construir estações de energia solar; a garantia de um empréstimo de 363 milhões para a construção de 180 pontes modulares de aço necessárias à modernização do sistema rodoviário de Angola; e uma doação de um milhão de dólares para ajudar o Ministério dos Transportes de Angola a desenvolver uma parceria público-privada com o intuito de gerir investimentos adicionais no porto e na ferrovia.
O setor agrícola não foi esquecido. “Apesar de seus 40 milhões de hectares de terras cultiváveis, Angola tradicionalmente importa a maior parte de seus alimentos. Agora, com o apoio dos Estados Unidos e de outros parceiros, Angola está pronta para tornar-se um centro agrícola. Por via do PGI, os EUA apoiam os esforços do Grupo Carrhino, o maior produtor de alimentos de Angola, que visa construir um fornecimento confiável de alimentos locais para Angola e para a região. O Carrhino fornece aos agricultores sementes, fertilizantes e dinheiro para expandir os seus negócios”.
A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), em parceria com a ExxonMobil, a Azule Energy e o Grupo Simples, “está a capacitar mulheres em zonas rurais de Angola em técnicas agrícolas, alfabetização e outras matérias necessárias, visando garantir direitos à terra, acesso a empregos e aumento da produtividade agrícola”.