Jeffrey Roth, especialista em segurança nacional e reforma governamental, autor reconhecido – e membro de longa data da Guarda Nacional, uma força militar da reserva composta pelos 50 Estados norte-americanos com membros ativos ou não das Forças Armadas, sob comando federal – é um observador de longa data do conflito que há décadas se mantém ativo entre palestinianos e israelitas. Nesse quadro, descobriu cedo que a influência do Irão é um dos fatores que exerce maior influência numa região que o resto do mundo se habituou a ver arder. Nem sempre com labaredas – mas desde 7 de outubro passado com labaredas redobradas.
Para a maioria dos observadores, o facto de o presidente Ebrahim Raisi ter desaparecido de cena – depois de ter estado envolvido num acidente de helicóptero que matou todos os ocupantes do aparelho, entre eles o ministro dos Negócios Estrangeiros Hossein Amirabdollahian – não vai mudar a substância da relação de forças que se chocam na região, nem o tipo de ações que cada país desenvolve em relação aos seus adversários.
Neste quadro, e apesar de o contacto com Roth ter sido anterior ao acidente, a relevância da sua análise não desapareceu com os escombros do aparelho. Ao contrário, todos os analistas indicam que o quadro de desentendimento vai continuar. A não ser que – de algum modo como Jeffrey Roth aconselha – o Ocidente encontre um modo, mesmo que ‘encapotado’ por poucas declarações públicas, de desenvolver uma linha de diálogo.
Até porque – e ao contrário do que possa passar para a opinião pública – essa linha existe. Prova disso está no facto de o Irão se ter preocupado em assinalar junto dos Estados Unidos qual seria, onde seria, que força teria, a que horas começaria e a que horas acabaria a ação de represália contra Israel, depois de o Estado hebraico ter atacado a sede diplomática do Irão em Damasco, capital da Síria. Ou seja, apesar de toda a retórica pública, os canais diplomáticos continuam a ‘trabalhar’ para que a ‘cegueira’ entre inimigos não seja total.