A semana iniciou com o feriado do Labour Day nos EUA, um dia calmo na segunda-feira. Todavia, na terça-feira, as bolsas caíram de forma acentuada, pressionadas pela forte subida dos rendimentos da dívida soberana de longo prazo, que alimentou receios sobre a sustentabilidade fiscal nas maiores economias desenvolvidas. No Reino Unido, as gilts a 30 anos atingiram os níveis mais elevados desde 1998, refletindo a preocupação dos investidores com o aumento da dívida pública e défices orçamentais persistentes. Em França, os rendimentos da dívida a 30 anos também dispararam, atingindo o valor mais alto desde 2009, num contexto de contestação política e incerteza em torno da sobrevivência do governo minoritário de François Bayrou, que enfrenta uma moção de censura após anunciar cortes orçamentais para 2026. A conjugação destes fatores elevou o custo de financiamento dos Estados e desencadeou uma onda de aversão ao risco. Os investidores venderam ações e migraram para ativos considerados mais seguros, como o ouro, que atingiu novos máximos, e o dólar, que voltou a valorizar face às principais moedas. O nervosismo nos mercados também foi alimentado pela perceção de que o aumento das yields poderá travar o investimento privado, penalizando as perspetivas de crescimento económico. O ambiente de incerteza fiscal e política reforçou a pressão vendedora nos mercados acionistas, levando o STOXX 600 a registar a sua maior queda em um mês.
Na quarta-feira, as ações da Alphabet (Google) valorizaram mais de 9% depois de um juiz federal norte-americano ter decidido que a empresa não teria de vender o navegador Chrome nem o sistema operativo Android, embora tenha de rever contratos de exclusividade com fabricantes e programadores. A decisão afastou o risco de uma cisão forçada e garantiu à Google a manutenção dos pagamentos que faz a parceiros estratégicos, entre os quais a Apple.
Como reflexo, as ações da Apple subiram cerca de 3,8%, já que ficou assegurada a continuidade de uma das suas fontes mais lucrativas de receitas provenientes da Google. O impacto desta decisão estendeu-se a todo o setor tecnológico, impulsionando o S&P 500 e o Nasdaq.
Na quinta-feira, as bolsas continuaram a recuperação, suportadas sobretudo por duas dinâmicas. Por um lado, os dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA e declarações de vários responsáveis da Reserva Federal dos EUA reforçaram as apostas num corte de juros em setembro, o que aumentou o apetite pelo risco.
As folhas de pagamento do setor privado cresceram menos do que o previsto em agosto e os pedidos semanais de subsídio de desemprego superaram as estimativas, sinais de arrefecimento do emprego que aumentaram a probabilidade (95%) de um corte de 25 pontos-base, segundo a ferramenta FedWatch da CME. Por outro, registou-se um alívio nos mercados obrigacionistas, com a descida dos rendimentos da dívida alemã e francesa a contribuir para acalmar o nervosismo gerado no início da semana por receios fiscais. Esta combinação ajudou a acalmar os receios dos investidores e a impulsionar os mercados acionistas para perto dos máximos históricos.
Os principais índices acionistas seguem agora focados no relatório do emprego desta sexta-feira dia 5 de setembro.
Alta dos rendimentos assusta, mas pouco
Os mercados terminaram a semana perto de máximos históricos, depois de a meio terem registado quedas acentuadas, penalizados pela subida das ‘yields’ das dívidas soberanas.
