Skip to main content

Alemanha: Estagnação confirmada no segundo trimestre reforça preocupações com nova recessão

O consumo interno abrandou, o investimento caiu mais de 2% e as exportações mantiveram-se inalteradas face ao crescimento das importações, um conjunto de fatores que determinaram novo trimestre de estagnação na Alemanha, isto quando o país deveria estar a recuperar das dificuldades do ano passado.

A economia alemã voltou a estagnar no segundo trimestre deste ano, registando um crescimento nulo em termos homólogos e um recuo de 0,1% em cadeia – ambos os resultados já esperados pelo mercado, mas ainda assim um sinal preocupante para a maior economia europeia, que enfrenta perspetivas pouco animadoras para a segunda metade do ano.

A segunda leitura do crescimento trimestral na Alemanha confirmou a estimativa inicial de crescimento zero, em comparação com igual período do ano passado, e de uma queda de 0,1% relativamente ao trimestre anterior, adensando as dúvidas quanto à recuperação em curso no motor industrial europeu. Depois de um primeiro trimestre contidamente otimista, as componentes do PIB inverteram o seu contributo para o crescimento alemão.

O consumo privado caiu 0,2% em cadeia, com o investimento a recuar 2,2%, uma descida assinalável e que inverte a subida de 0,1% registada nos três primeiros meses deste ano. As exportações foram novamente um peso, com as exportações a caírem de forma assinalável apesar de as importações se manterem firmes.

Resumindo, apenas os gastos públicos tiveram um contributo positivo para o crescimento no segundo trimestre, acelerando 1% em cadeia.

No detalhe, verifica-se que a indústria continua a ser o principal problema para a economia alemã, que se tem vindo a tornar no parente pobre da moeda única, com desafios estruturais claros. Também a construção enfrenta dificuldades, contribuindo negativamente para o crescimento, ao contrário dos serviços – que, ainda assim, registaram fraquezas no comércio e no turismo.

Denote-se que esta fraqueza no sector do alojamento coincide com a realização do Campeonato Europeu de futebol no país, destaca a análise da Pantheon Macro, argumentando que o evento pouco contribuiu para a economia germânica.

Indicadores de mercado não ajudam

Este cenário de fraqueza no sector secundário espelha os dados do índice de gestor de compras (PMI), que recuou ao longo do terceiro trimestre, não dando grande margem para otimismo no segundo semestre. Apesar de ter tocado valores em terreno de expansão da economia (acima de 50 pontos), o indicador vem caindo há três meses seguidos e voltou a mostrar um cenário de contração, pressionado sobretudo pela indústria.

O subindicador referente ao sector secundário caiu em agosto para 42,1, marcando o 26º mês seguido em que as empresas germânicas reportam uma queda na produção industrial. Mais, o índice de confiança dos consumidores também está em queda há três meses, caindo para 86,6 em agosto, a pior leitura desde fevereiro.

O subíndice referente à situação económica atual caiu de 87,1 para 86,5 pontos, enquanto o relativo às expectativas para os próximos seis meses recuou de 87 (uma revisão em alta) para 86,8.

Ainda assim, e apesar dos sinais marcadamente negativos, a economia germânica ainda poderá evitar a recessão no final do ano, argumentam os analistas da Pantheon e do banco ING. Por um lado, os salários registaram recentemente o maior aumento real em várias décadas, o que deverá suportar o consumo interno (em sentido negativo, também devem continuar a estimular as importações, aumentando o contributo negativo da vertente externa, dada a contenção dos principais destinos de exportações alemãs).

Também no sector industrial bastará um ligeiro aumento no ritmo de encomendas para conseguir inverter a tendência negativa recente, argumenta o ING. E esta inversão nos inventários alemães poderá estar iminente, considera a Pantheon, que mantém uma projeção de 0,2% de crescimento para o terceiro trimestre.