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Alemanha em queda livre coloca zona euro em linha para quebra do PIB no terceiro trimestre

A confiança continua a deteriorar-se na Alemanha e o fenómeno atinge todos os sectores, pesando nas perspetivas do país e do bloco da moeda única. Indústria é a grande preocupação, mas expectativas na construção continuam a piorar e os serviços, a boia de salvação até agora, dão sinais de fraqueza.

A confiança continua a cair na Alemanha, em linha com as perspetivas económicas e empresariais, colocando dúvidas sobre a força do motor económico europeu para o resto do ano. A perda de confiança é transversal a vários sectores, espelhando a imagem passada pelo índice de gestores de compras (PMI) no início da semana passada.

O índice Ifo de clima económico voltou a cair em agosto, desta feita marcando o quarto mês consecutivo de recuos, e bateu mínimos de dez meses, sublinhando a crise em que vai mergulhando a maior economia europeia. O indicador caiu para 85,7 depois de ter registado 87,4 em julho (um resultado que contou com uma revisão em alta), falhando a expectativa do mercado, de 86,7.

Nas leituras compostas (do clima económico e das perspetivas de curto-prazo), os índices Ifo são normalizados para 100, ou seja, valores abaixo deste limiar revelam perspetivas negativas, ao passo que acima traduzem expectativas positivas. No caso das leituras sectoriais, os resultados são normalizados para zero.

A queda deveu-se sobretudo ao subindicador referente às condições atuais da economia, que deteriorou novamente, desta feita de 91,4 para 89,0. Também as expectativas pioraram, caindo de 83,6 para 82,6, isto numa altura em que tanto indústria, como serviços mostram debilidades.

O subíndice relativo ao sector secundário recuou para níveis negativos pela primeira vez desde dezembro de 2022, caindo para -4,2; na construção, a subida dos juros continua a castigar, com o indicador a apresentar o resultado mais negativo dos sectores analisados, com -29,3; a indústria não fica, ainda assim, muito melhor, com -16,6, o valor mais baixo desde junho de 2020.

Estes valores não destoam dos PMI divulgados no início da semana: o indicador composto recuou para mínimos de 39 meses ao cair para 44,7 em agosto, com os serviços, a boia de salvação da economia germânica até agora, a entrarem em terreno de contração (abaixo de 50). O subindicador caiu de 52,3 em julho para 47,3 em agosto, ao passo que a indústria até tocou máximos de dois meses, mas continua afundada com 39,1.

Estes dados não permitem aos analistas equacionar cenários diferentes de uma quebra da atividade na Alemanha no próximo trimestre, com a Pantheon a estimar um recuo até 0,5% no PIB em cadeia. Como motor da economia europeia, o país pesa nas perspetivas do bloco da moeda única, que também se apresenta em linha para uma quebra do produto no próximo trimestre, embora menos intensa (0,1%).

Os serviços são mais uma preocupação para uma economia já afetada por uma crise do lado da indústria, enfrentando custos intermédios em alta, procura externa em queda e o aperto monetário mais agressivo da história do euro. Apesar da ligeira melhoria nas perspetivas de produção industrial, “a retração da indústria alemã está a intensificar-se, enquanto o [subíndice Ifo referente ao] retalho caiu para mínimos de oito meses”, escreve a Pantheon. Os problemas estão, portanto, para ficar.