Advisor... que profissão é essa!?... Dizem-me que é um bom começo para contar a história de uma profissão emergente, sem tradução para a língua portuguesa, num país com fraca literacia financeira. Prossigo.
O advisor nasce na complexidade da sociedade da informação em que vivemos, cada vez mais assente na digitalização e acelerada pelas tecnologias avançadas de machine learning e inteligência artificial.
Num artigo, recentemente, publicado na “Executive Digest”, Luís Rasquilha, CEO do Ecossistema Inova e professor da Fundação Dom Cabral, distingue o advisor do típico consultor e do tradicional conselheiro da administração. Na sua definição, “o advisor coloca a sua experiência ao serviço das empresas para quem trabalha fortalecendo a personalização e tratando cada caso como único”. Não se trata “apenas”, dizemos nós, de alguém que diz aos seus clientes o que fazer.
Vasco Salgueiro, senior executive manager da empresa de recrutamento especializado Michael Page, alerta-me que é preciso falar em duas posições distintas e que normalmente não estão associadas:advisor financeiro e advisor legal, ambas, porém, na esfera de interesse desta publicação de o Jornal Económico. O advisor financeiro, tal como o nome indica, integra-se no departamento financeiro. O advisor legal insere-se no departamento jurídico/legal.
O berço do advisor é a Universidade. Que perfis são requeridos para exercer a função? O que estudar para nela fazer carreira? Peço a Vasco Salgueiro que trace o retrato. Ei-lo nu e cru:o advisor financeiro é o típico licenciado em gestão, economia ou finanças com experiência em auditoria externa numa das denominadas Big Four – consultoras internacionais ou, em alternativa, ter experiência inicial no departamento financeiro de uma empresa e evoluir para o controlo financeiro. É nas Faculdade de Direito que se encontra a fonte do in-house lawyer /jurista /legal advisor. Jovens licenciados com realização de estágio generalista numa sociedade de advogados ou profissionais experientes em áreas de especialização como Comercial & Societário, Contratos, Laboral, Contencioso ou Proteção de Dados e posterior passagem para empresas e departamentos jurídicos, como legal advisors.
As “figuras” de financial advisor e advisor legal consolidam-se na razão direta em que nas empresas se adensa a digitalização e campos conexos como a IA. A Michael Page confirma-o com dados da procura. Nas empresas é “recorrente” e visa sobretudo a produção de informação de gestão para a administração, monitorização e controlo de negócio e para a análise de resultados, KPIs, análise de desvios e medição de performance de unidades de negócio e global. Também a posição in-house lawyer/jurista/legal advisor. regista, segundo Vasco Salgueiro, uma procura crescente, sobretudo para atuar na mitigação de riscos de compliance e legislação global ou específica. Normalmente, esta posição faz a ligação com consultores legais externos.
Num país que, por norma, remunera abaixo de grande parte dos pares europeus, quanto ganha um advisor em Portugal? Dada a hetereogeneidade dos níveis atrás exposta, a grelha é obviamente vasta, indo de 22.400 euros por ano até 60 mil brutos, em termos médios, segundo a Michael Page. Há ainda direito a bónus anual, indexado e performance individual e global, subsídio de alimentação e seguro de saúde. Considerando que a complexidade da sociedade continuará a aumentar, o advisory pode ser um caminho a explorar. Nunca se sabe onde irá desembocar...