O Abanca continua empenhado em comprar o EuroBic, do qual Isabel dos Santos ainda é acionista, com uma posição de 42,5% (através da Santoro Financial Holding e da Finisantoro Holding Limited), apurou o Jornal Económico junto de várias fontes ligadas ao processo. Fonte oficial do banco espanhol, contactado pelo JE, não comentou.
Outras fontes próximas da operação dizem que o processo de venda do Eurobic será feita em dois blocos. Um de 57,5%, liderado pelo acionista Fernando Teles, que detém 37,5% do banco, e que engloba outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5% do capital) e ainda mais 5% que são detidos por cinco quadros de gestão do Eurobic.
Depois há um segundo outro bloco de 42,5% de Isabel dos Santos, que por causa dos processos judiciais da empresária angolana tem colocado entraves ao avanço da venda ao Abanca, nomeadamente um arresto sobre as suas contas bancárias de que a empresária angolana é alvo. A empresária angolana e filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos Isabel dos Santos, é acionista de referência do EuroBic, através da Sociedade de Participações Financeiras (25%) e da Finisantoro Holding Limited (17,5%) e tem as participações sociais arrestadas pela justiça angolana.
O Jornal Eco avançou esta segunda-feira que o Novobanco voltou a entrar na corrida para a compra do EuroBic.
As mesmas fontes do JE reconhecem que a venda dos 57,5% do Eurobic detidos pelo grupo de acionistas liderado por Fernando Teles esteve para ser realizada a meio da semana passada com o Novobanco, mas o acionista angolano terá sido sensível aos argumentos dos administradores e dos quadros de gestão do banco no que toca o impacto que esta operação teria no corte de pessoal e a dimensão dos despedimentos.
Apesar de confirmado o interesse do banco liderado por Mark Bourke, tal não significa que o Abanca tenha saído do processo. Segundo as nossas fontes, a informação avançada pelo jornal online de que o prazo para a venda ao Abanca expirou sem desfecho positivo, não se confirma.
O processo de aquisição está, no entanto, dependente da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola. Para que esta transação se concretize é necessário que seja solucionado o pagamento de algumas dívidas das empresas de Isabel dos Santos, maior accionista da instituição financeira, cujas participações se encontram arrestadas por decisão da PGR angolana.
Em termos práticos, para que a alienação do EuroBic se concretize é fundamental que a PGR de Angola decida levantar o arresto das participações de Isabel dos Santos, o qual foi posteriormente reconhecido pela PGR portuguesa. As autoridades angolanas fazem, assim, depender uma venda condicionada do banco da disponibilização de verbas das contas arrestadas de Isabel dos Santos para que se proceda ao pagamento de dívidas por saldar das suas empresas naquele país. A transação, adiantaram jornal fontes conhecedores do processo, não necessita do aval do Banco Nacional de Angola.
O tiro de partida para a concretização do negócio foi dado em outubro do ano passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola quando deu ‘luz verde’ para desbloquear até 50 milhões de euros das contas arrestadas a Isabel dos Santos.
Segundo fontes familiarizadas com o negócio, o pedido para se separar as ações partiu do BdP para acelerar este processo de venda que se arrasta há mais de um ano. O Abanca também aceitou a venda em separado, mantendo no entanto o objetivo de comprar 100% do Eurobic, numa oferta que em maio do ano passado ascendia a 210 milhões de euros.
A venda do bloco de ações liderado por Fernando Teles inclui uma fase de due diligence que deverá terminar 15 de outubro, apurou o JE. A due diligence necessária é uma atualização da due diligence anterior feita pelo Abanca, pelo que exige agora menos tempo.