Portugal manteve dos crescimentos mais elevados da zona euro no primeiro trimestre, registando um avanço de 1,4% em termos homólogos e de 0,7% em cadeia face aos 0,3% da moeda única em comparação com igual período do ano passado, que se traduz numa evolução em cadeia de 0,4%. Juntamente com os países bálticos, a economia ibérica tem sido um dos motores do espaço euro, colocando o bloco de novo fora de recessão. Do lado dos preços, a inflação subjacente voltou a cair.
A economia nacional foi apenas ultrapassada, em cadeia, pelas economias do Báltico, com a Lituânia e Letónia a avançarem ambas 0,8%, e pelos 1,1% da Irlanda (embora os números do crescimento irlandeses sejam alvo de frequentes correções, dado o peso das multinacionais). Tal como Portugal, Espanha cresceu 0,7% em relação ao trimestre anterior, impulsionando o espaço da moeda única de volta ao crescimento. Recorde-se que o ano passado fechou com um recuo de 0,1% no último trimestre, resultando num crescimento de 0,4% no ano.
A Suécia distinguiu-se por registar o único recuo em cadeia, de 0,1%, enquanto as maiores economias permanecem perto da estagnação: a alemã avançou 0,2%, regressando ao crescimento após um recuo de 0,5% no último trimestre de 2023; a francesa também registou 0,2% de expansão, enquanto a italiana foi marginalmente melhor, com 0,3%.
Olhando para estes dados, a Pantheon Macro considera que “a periferia fez o trabalho pesado no primeiro trimestre”, sendo responsável pelo crescimento do bloco. O consumo cresceu em Itália, Espanha e Áustria, “sobretudo pela via dos serviços”, mas “a procura doméstica manteve-se um peso para o PIB, com os inventários a caírem”.
“A boa notícia é que este peso parece ser compensado por um impulso dado pelas exportações líquidas e o investimento também parece ter aguentado bem”, acrescentam os analistas.
Este crescimento foi mais forte do que o Banco Central Europeu (BCE) antecipava, considera a Pantheon, mas “um PIB mais forte não vai impedir cortes em junho”. O foco está, portanto, na inflação, que também mostrou melhorias que serão bem-recebidas pelo banco central: apesar de o indicador nominal se ter mantido inalterado em 2,4%, a inflação core caiu pelo nono mês seguido, chegando a 2,7%.
De destacar a pressão nos preços do lado dos serviços, que se vinha mantendo invariável há vários meses. Após cinco leituras seguidas em 4% de variação homóloga, o subindicador caiu para 3,7%, mas a energia volta a pressionar: caso se verifique um pequeno ressalto na componente energética, a leitura de maio pode voltar a aproximar-se de 3%, projeta a Pantheon.