Os preços das casas em Portugal continuaram a subir no terceiro trimestre, isto apesar de a subida ser a menos expressiva desde o primeiro trimestre de 2021 e de o número de transações ter caído quase 20% em termos homólogos. O mercado começa a dar sinais de abrandamento, ainda que se mantenha com uma dinâmica de preços assinalável, e Lisboa e o Algarve são as zonas que mais têm acusado a pressão.
O índice de preços na habitação aumentou 7,6% em termos homólogos no terceiro trimestre do ano, uma subida menos expressiva em 1,1 pontos percentuais (p.p.) do que a do trimestre anterior, o que se traduz num incremento em cadeia de 1,8% (também este abaixo dos 3,1% do período anterior). Estes valores são relativos a 34.256 transações, uma queda de 18,9% em termos homólogos, perfazendo 7,1 mil milhões de euros, ou seja, menos 12,2% do que no terceiro trimestre do ano passado.
Destes, “4,9 mil milhões de euros respeitaram a habitações existentes (70,0% do total) e 2,1 mil milhões de euros a habitações novas”, detalha a nota do INE. Por outro lado, em cadeia, o número de transações subiu 1,9%, fruto exclusivamente da subida de 11,5% nas habitações novas, parcialmente contrariada por uma queda de 0,6% nas casas já existentes.
Os números divulgados pelo gabinete de estatística esta terça-feira dão, no fundo, continuidade ao registado no trimestre anterior, com o preço a subir de forma menos expressiva e fruto de uma redução no número de transações. Para a economista Vera Gouveia Barros, são valores sem “nada de surpreendente”, ao mostrarem que “os preços continuam a aumentar, embora a taxas menores, e o ajustamento tem sido feito pelo lado do número de transações, que desceu”.
A subida no índice tem sido mais expressiva na subcategoria das casas já existentes, que subiram 8,1% em termos homólogos, face a um aumento de 5,8% nas casas novas. Com os dados do terceiro trimestre, a média desde o início do ano para o índice de preços na habitação fica em 9,0%, com o aumento médio das habitações existentes, 9,8%, a exceder o das casas novas, 6,6%.
Há, no entanto, dinâmicas regionais a que importa prestar alguma atenção, denota Vera Gouveia Barros. A economista especialista em habitação destaca a perda de importância da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve “tanto em termos de valor como de número de transações”, um fenómeno ainda assim “de certo modo expectável”.
“De certo modo, isso era expectável, porque são as duas regiões com o valor médio de transação mais alto, mas não deixa de ser positivo este movimento em direção a menor disparidade regional. São as forças centrífugas a funcionarem”, explica.
Todas as regiões registaram quedas homólogas no valor e número de transações, embora o próprio INE destaque a capital e o sul do país como tendo evidenciado “as reduções mais intensas do que as registadas ao nível nacional". A título comparativo, o número de transações nestas regiões caiu 27,9% e 25,3%, respetivamente, enquanto o valor médio recuou 18,9% e 14,8%, pela mesma ordem.