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UpHill lança app que passa receitas e exames médicos

Depois do financiamento de 3,5 milhões em 2021, a UpHill surge com o Liber. Este é um serviço que pretende dar auxílio à saúde das pessoas mais jovens e até aos 65 anos. Lançada esta terça-feira, o serviço conta com milhares de pré-registos, superando as expectativas dos seus fundadores.

A UpHill, startup portuguesa na área da saúde, está a lançar um novo serviço para a população, que pretende evitar o tempo de espera nas urgências ou espera por consultas. O Liber é um serviço digital que funciona através de uma aplicação: o utente reporta os seus sintomas, existe uma triagem clínica e os médicos inscritos na plataforma conseguem passar receitas ou exames médicos.

Ao Jornal Económico, Eduardo Freire Rodrigues, CEO da UpHill, explica que esta é uma solução para a população entre os 18 e os 65 anos que não tem tempo para esperar pela marcação de consultas. Os preços também são acessíveis face aos praticados pelos hospitais privados.

"O Liber funciona ao contrário do que é habitual, em que se marca uma consulta, espera-se pela consulta, tem de se ir à sala de espera, entrar no consultório e dizer os sintomas, eventualmente esquecendo algum. O tempo desta espera é desajustado à realidade da população, que tem uma vida acelerada. A nossa solução permite ajustar-se a velocidade do serviço de saúde", conta Eduardo.

E como conseguem? "Conseguimos à custa do algoritmo de atuação clínica da UpHill, que é utilizada em muitos hospitais do SNSN e em alguns prestadores privados, e que acelera o trabalho desses profissionais".

O CEO explica que esta solução visa 'tratar' "condições clínicas frequentes simples e agudas", ou seja, condições frequentes como "amigdalite, gripe, constipações, infeções urinárias e até algumas lesões desportivas".

Acima de tudo, e além de permitir uma melhor gestão do tempo pessoal dos portugueses (fugindo às horas perdidas em hospitais), "tem duas componentes importantes: prevenção e promoção da saúde e pedidos clínicos frequentes".

No âmbito da promoção e prevenção, Eduardo assume "programas estruturados que acompanham o utilizador durante um ou dois meses para atingir um objetivo de saúde específico". "Estes programas, ao contrário dos pedidos clínicos, visa a melhoria da saúde com a prevenção da doença. Nesta componente também temos a possibilidade de check-ups anuais".

"Este check-up é fazer uma avaliação da saúde esperado pela idade, risco familiar, doenças prévias. No caso específico das mulheres, podemos passar exames de mamografia ou rastreio do cancro do colo do útero. Caso exista risco genético, podemos passar exames complementares".

Eduardo Freire Rodrigues diz que os planos para o tratamento de doença aguda pode custar entre cinco e 20 euros. "Os utentes podem receber a prescrição terapêutica por cinco ou dez euros para tratar um problema que está a incomodar num determinado momento e a um preço substancialmente mais reduzido do que estaria disponível noutros serviços de saúde", como os privados, por exemplo.

Outra solução mais fácil é a renovação da medicação, até agora feita pelo SNS, como o próximo CEO aponta. "O SNS já começa a fazer o rollout [da prescrição], mas é só para o doente crónico. A renovação no Liber é para qualquer pessoa que faça medicação frequente e que não seja necessariamente doente crónico".

"Num contexto em que sabemos que quanto mais alternativas existem no sistema de saúde, melhor para as pessoas e também para o sistema funcionar como um todo". No fundo, e explicando por miúdos, este serviço pode ser classificado como um complemento ao SNS, em que o utente utilizador pode ter as receitas consigo numa questão de minutos.

O algoritmo da UpHill está disponível na aplicação todos os dias da semana, a todas as horas do dia, o que permite a rápida resolução.

A principal diferenciação ao já existente no mercado (teleconsultas ou chatbots) é o facto do médico conseguir fazer um diagnóstico após alguns minutos de conversa, através da descrição dos sintomas, mas também entregar, na hora, todas as receitas e eventuais exames necessários.

Posteriormente, e ao contrário do que acontece na medicina atual, existe um acompanhamento posterior. Existe um seguimento do utente, o que permite à equipa médica saber como está a evoluir a situação e se é preciso a atualização da receita.

Complemento ao SNS?

Atualmente existem cerca de 1,5 milhões de portugueses sem acesso a médico de família, pelo que a aplicação da UpHill pode servir como complemento ao Serviço Nacional de Saúde, ainda que não pretenda determinar extinção das suas funções.

"A maioria das doenças que pretendemos tratar são geridas por médicos de família. O que está na raiz da nossa visão é que o sistema tem de ter soluções simples. A população pensa que o médico de família não é diferenciado, mas ele tem uma especialidade e é altamente diferenciado. Ou seja, tem de estar resguardado para a gestão do doente mais complexo, na dimensão da sua família. Eles tratam doenças crónicas e, portanto, estas pessoas também têm de transferir as suas responsabilidades para serviços mais simples", assume Eduardo ao JE.

"Obviamente que vemos que no sistema, como um todo, há problemas de acesso em algumas unidades e, portanto, acreditamos que o Liber, de uma forma muito eficiente, vai também contribuir para este alinhamento entre a complexidade do doente e a diferenciação dos cuidados", diz.

"Esta é uma solução que permite muita rapidez no processo. Por isso mesmo é boa para as faixas etárias mais jovens, que muitas vezes têm de recorrer a um sistema que está otimizado para pessoas com problemas mais complexos, o que atrasa a gestão, demora e é muito custoso".

Por isso mesmo, para o arranque deste serviço, o Liber vai contar com uma dezena de médicos. Este é um número que a startup considera justo para o início, mas que pode ser sempre ajustado perante a procura.

Investimento

A criação deste serviço surge da última ronda de financiamento levantada pela equipa liderada por Eduardo.

A última ronda data de 2021, quando a startup portuguesa angariou 3,5 milhões de euros dos luxemburgueses Brighteye Ventures e portugueses Mustard Seed Maze. Além destes dois principais investidores, participaram também a Bynd Venture Capital, a Caixa Capital e o Grupo Luz Saúde, anteriores investidores.

Sobre potenciais novas rondas, a UpHill não revela muito mas admite novidades num futuro próximo. Neste caso, e com 2024 ao virar da esquina, a startup nacional prevê angariar mais dinheiro para novos projetos.

Reembolso do seguro

À semelhança do modelo de saúde privado, os serviços da aplicação da UpHill também permitem o pedido de reembolso por parte dos seguros de saúde.

Conta o CEO que, tanto a consulta como os exames podem ser reembolsados pelos seguros.

Tal como nas teleconsultas,  “tanto o ato médico como a realização de exames prescritos no Líber podem ser reembolsados”. Ainda assim, o seguro tem de prever estes casos.

Empresas parceiras

Eduardo Freire Rodrigues apelida-as de Pioneer Partnees e são empresas que já se inscreveram neste serviço para auxiliar os seus funcionários.

Isto é, quando o trabalhador tem algum assunto de saúde a tratar, a modalidade da UpHill está operacional, tal como para os cidadãos.

Questionado sobre o número de pessoas que pretende alcançar no arranque, Eduardo é claro. “Temos um arranque com 20 empresas target, que chamamos de Pioneer Partners. São empresas de renome e com volume de colaboradores interessantes e significativos. E nesta faixa etária. Temos empresas que estão no ambiente tecnológico nacional, o ambiente também de startups, que tem populações muito específicas e muito parecidas connosco”.

Ainda assim, o target para o Liber esta na ordem dos milhares de utilizadores, tanto de empresas como de cidadãos.

No entanto, as expectativas já foram superadas. Antes do lançamento oficial esta terça-feira, o Liber foi lançado em modo early access e conseguiu um grande de utilizadores pré-inscritos. “Caminhamos para os milhares de de pessoas em early access. Portanto, antes do serviço ter sido comunicado, sendo que nas nossas redes está a ser comunicado de uma forma muito subtil”.