Skip to main content

União e Estados Unidos concordam em manter “pressão máxima” sobre a Rússia

No primeiro telefonema entre os dois responsáveis pelas Relações Exteriores, Kaja Kallas e Marco Rubio alinharam posições obre a Rússia.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia, a China, o Médio Oriente e as despesas com a defesa foram os principais temas da primeira conversa telefónica entre Kaja Kallas, Alta Representante da União Europeia, e Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano. Ambos concordaram em manter a "pressão máxima" sobre a Rússia e garantir uma paz duradoura na Ucrânia.

Esta foi a primeira conversa desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca e as eleições europeias de junho passado. Os dois novos líderes nas áreas de Relações Exteriores dos seus respetivos blocos alinharam posições e, até ao momento, não parece haver desentendimentos entre os lados do Atlântico.

Segundo a agência Euronews, a chamada, que teve lugar na terça-feira à noite, também abordou os desafios impostos pela China, uma prioridade para a administração Trump; a situação no Médio Oriente, incluindo a transição de poder na Síria e a campanha de desestabilização do Irão; e novas formas de aprofundar a cooperação transatlântica.

Kallas e Rubio "concordaram com a necessidade de manter a máxima pressão sobre Moscovo para avançar para uma paz justa e sustentável na Ucrânia". Rubio "congratulou-se com a extensão das sanções da UE contra a Rússia por causa da Ucrânia". A maioria dos temas parece pacífica entre as duas administrações — sendo certo que a Comissão von der Leyen II é claramente mais anti-Rússia do que a primeira liderada pela alemã, segundo a apreciação do embaixador Francisco Seixas da Costa — o alinhamento parece ser compreensível, pelo menos nesta matéria.

No entanto, convém não esquecer que Rubio criticou duramente a assistência à Ucrânia durante a campanha eleitoral. Além disso, a Europa (e o resto do mundo) desconhece os planos de Trump relativamente à guerra da Ucrânia e, de uma forma mais geral, que tipo de relacionamento o novo presidente norte-americano pretende manter com o seu homólogo russo. Pouco depois de tomar posse, Trump atenuou as suas afirmações — segundo as quais iria acabar com a guerra “em 24 horas” — admitindo agora que a resolução poderá demorar vários meses, talvez mesmo mais de 12.

Na semana passada, o presidente dos EUA ameaçou aplicar à Rússia "elevados níveis de impostos, tarifas e sanções" se o presidente Vladimir Putin se recusasse a "fazer um".

Ainda assim, há muita incerteza quanto ao futuro das relações entre a UE e os EUA, destaca a Euronews. Trump colocou o bloco no limite com a sua ameaça de assumir o controlo da Gronelândia, recorrendo à coerção económica e à força militar, se necessário. "Acho que vamos tê-la", disse no fim de semana. Em resposta, os líderes da UE endureceram a sua retórica, prometendo defender a ilha, que é uma parte semi-autónoma do Reino da Dinamarca. Uma nova sondagem revela que 85% dos habitantes da Gronelândia se opõem aos planos expansionistas de Trump. Esta semana, o governo dinamarquês esteve em algumas das principais capitais da União — Berlim, Paris e Bruxelas — para angariar apoios na defesa do arquipélago. Paris foi a capital mais ‘dinâmica’, tendo dito que está disponível para enviar tropas para a Gronelândia. Esta iniciativa pretende provar a Trump que a região está bem defendida de qualquer iniciativa russa sobre as ilhas.

A Euronews afirma que não é claro se a Gronelândia foi discutida durante o telefonema entre Kallas e Rubio. Mas o tema da necessidade de a Europa aumentar as suas despesas com a defesa foi abordado. "O secretário Rubio sublinhou a necessidade de reforçar a segurança transatlântica e apelou à Europa para que aumente as despesas com a defesa", afirmou o seu gabinete, citado pela agência. Kallas "sublinhou o investimento crescente da Europa na defesa e a sua disponibilidade para assumir maiores responsabilidades, a par da importância de diversificar o aprovisionamento energético", afirmou o responsável da UE. "Ambos os líderes esperam encontrar-se pessoalmente em breve".