Éuma quádrupla de graus. As Universidades de Pádua, Vilnius, Granada e Minho lançam no próximo ano letivo (2024/2025) um mestrado conjunto em Cibersegurança Internacional e Ciberinteligência. A acreditação foi submetida pela Universidade de Vilnius no novo sistema European Approach e, após essa etapa, aprovada em cada uma das parceiras. Assim, o estudante terá o diploma conferido pelas quatro academias envolvidas.
“Um programa deste tipo permite conjugar o que de melhor cada uma das instituições sabe fazer nesta área, que é bastante multidisciplinar”, afirma ao Jornal Económico Henrique Santos, professor da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, lembrando que três das quatro Universidades envolvidas têm já programas de 2º ciclo em Cibersegurança. O também investigador do Centro Algoritmi e presidente da Comissão Técnica 163 (Normalização) para a Cibersegurança salienta as “ligações ao sector empresarial nos quatro países”.
O mestrado, em língua inglesa, arranca em outubro em Itália, onde as aulas começam por fixar residência. O segundo semestre vai à Lituânia, o terceiro viaja para Espanha e o quarto e último fica em Portugal. No pólo de Guimarães da UMinho será feita a dissertação e ocorrerá a semana de graduação.
Omestrado Cibersegurança Internacional e Ciberinteligência foca ramos tão díspares como criptografia, sistemas ciberfísicos, internet das coisas, machine learning, computação quântica, relações internacionais, direito ou gestão. O curso abre portas para o mundo do trabalho e das novas profissões. Henrique Santos aponta exemplos: gestor de segurança da informação (CISO); responsável cibernético jurídico, político e de controlo; especialista em ameaças cibernéticas; investigador forense digital; pentester; e ainda arquiteto, auditor, educador, implementador, investigador ou gestor de riscos na área da cibersegurança.
Embora as aulas em diferentes pontos do mapa exijam meios, há várias bolsas de estudo. Os candidatos podem recorrer aoPrograma Erasmus+, Arqus Talent Fund e, em especial, ao projeto CiberActioning, que, nas duas primeiras edições, disponibiliza verbas da UE e de duas empresas de cada país, que no caso português são as tecnológicas Eurotux e DigitalSign.
O mestrado em Cibersegurança Internacional e Ciberinteligência nasce no âmbito da ARQUS, uma das 17 alianças do ambicioso programa “Universidade Europeia”, lançado pela Comissão Europeia, que procura reordenar o quadro das Instituições de Ensino Superior. A Aliança tem dois outros programas em curso, mas na área da Cibersegurança, trata-se do primeiro. A escolha não acontece por acaso.
Na sociedade do conhecimento e da digitalização, são enormes os desafios que se colocam à sociedade e aos países. No Ensino Superior, explica Henrique Santos, a “dinâmica dos programas educativos está em risco de ficar rapidamente desatualizada”. Para enfrentar o problema “de uma forma mais eficaz”, nada como fazê-lo em conjunto. “O facto de se trabalhar em cooperação permitirá, por exemplo, criar um Exercício de Cibersegurança na chamada semana de graduação”. Justifica:“Um exercício deste tipo, que pode ter um impacto significativo na visibilidade do programa, exige uma equipa alargada no seu desenho e implementação. Essa dimensão, mais uma vez, é atingida pelo conjunto das quatro universidades e muito dificilmente qualquer uma delas, isoladamente, teria capacidade de o organizar”.
As candidaturas estão abertas até 15 de maio.