Skip to main content

Uma semana no aeroporto: Um diário de Heathrow e uma janela sobre o mundo

Se para Alain de Botton, os aeroportos, com todo o seu turbilhão, interesse e beleza, são os centros imaginários da nossa civilização, já para o etnólogo francês Marc Augé são “não lugares”

"Cada novo dia trazia-me uma tal quantidade de histórias que o meu sentido de tempo se alongou. Pareceu-me que tinham decorrido semanas, quando tinham passado apenas dois dias desde que encontrei Ana d’Almeida e Sidónio Silva, ambos de Angola. Ana estava a caminho de Houston, onde cursava Gestão, e Sidónio partia para Aberdeen, onde estava a completar um doutoramento em Engenharia Mecânica. Passámos uma hora juntos, durante a qual falaram de um modo idealista e melancólico sobre o estado do seu país. Dois dias mais tarde, Heathrow não tinha qualquer memória deles, mas eu ainda lhes sentia a falta.”
Se nos pedissem para levarmos um marciano a visitar um único lugar que captasse a totalidade dos temas que permeiam o mundo moderno – desde a nossa fé na tecnologia até à nossa destruição da natureza, desde a nossa interligação até ao nosso romantismo em relação ao viajar –, teríamos de o levar às áreas das partidas e das chegadas de um aeroporto.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico