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Ucrânia: Zelensky mantém popularidade e ganharia eleições presidenciais

Sondagem conferem-lhe favoritismo numas eventuais eleições presidenciais. O presidente já disse que, depois de conseguir a paz e o fim da lei marcial, não se recandidatará a um segundo mandato.

Num contexto em que continua a ser pouco claro se o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky falava de eleições presidenciais ou parlamentares quando disse que estaria aberto à sua realização dentro dos próximos dois a três meses, as sondagens conhecidas sobre um ato eleitoral para as presidenciais não lhe são de todo favoráveis. Dois estudos citados pela agência Euronews adiantam que um deles, realizado pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) no início deste outono indicava que 60% dos ucranianos continuam a apoiar Zelensky. Mas, segundo outro estudo, desta vez da Info Sapiens e publicada esta terça-feira, refere que apenas 20,3% dos ucranianos votariam em Zelensky nas próximas eleições presidenciais.

Mesmo assim, e embora estes valores represente uma mudança radical em relação aos 73% dos votos Zelensky conseguiu quando foi eleito em 2019, o atual presidente continua a ser o candidato mais popular com uma margem suficiente para ser reeleito presidente, de acordo com este último estudo. Em 2019, Zelensky venceu na segunda volta ao ex-presidente Petro Poroshenko, que não foi alem dos 24%. Pouco tempo depois, a Ucrânia realizou eleições parlamentares antecipadas, e o partido de Zelensky, chamado Servo do Povo, conquistou uma maioria absoluta.

No seguimento das duas eleições, cerca de 80% dos ucranianos confiavam em Zelensky, mas esse número caiu para 37% no início de fevereiro de 2022, antes de voltar a atingir o recorde de 90% quando a Rússia iniciou a invasão.

De regresso ao mencionado segundo estudo de opinião, a segunda opção mais popular para o cargo de presidente, e a única que poderia aproximar-se do nível de apoio de Zelensky, é o ex-comandante-em-chefe das forças armadas, o General Valerii Zaluzhnyi. Atualmente embaixador da Ucrânia no Reino Unido, Zaluzhnyi conquistou uma forte reputação quando a Rússia iniciou a guerra, uma vez que foi responsável pela defesa da Ucrânia, incluindo a batalha por Kiev no início de 2022 e as contraofensivas subsequentes até maio de 2024.

Face à reputação, rapidamente passaram a circular rumores de que o general poderia estar a pensar numa candidatura – tendo até alguns comentadores sugerido que a sua passagem para a vida diplomática foi uma forma de deixar de fazer ‘sombra’ a Zelensky. Zaluzhnyi disse no início de outubro que não tem planos de lançar um partido político e não apoia a realização de eleições enquanto a guerra continuar. "Não apoio a realização de eleições em tempos de guerra. Qualquer pessoa que receber uma oferta — supostamente em meu nome — para participar em qualquer iniciativa de qualquer organização deve denunciá-la às autoridades policiais", disse, deixando claro que o ambiente político em Kiev estava ao rubro. "Não estou a criar nenhum partido político, e não tenho nenhuma ligação com qualquer força política", explicou.

Ainda segundo a mesma fonte, o terceiro nome na lista de potenciais candidatos à presidência é o chefe da inteligência militar ucraniana (HUR), Kyrylo Budanov, embora com pouco mais de 5% de intenções de voto. O chefe da espionagem ucraniana nunca expressou ambições políticas e é considerado insubstituível no seu cargo atual, dadas as operações sem precedentes da HUR na Ucrânia e no exterior.

A popularidade de figuras militares como Zaluzhnyi e Budanov pode ser interpretada como um sinal da importância que os eleitores ucranianos atribuem à defesa do país e à futura estratégia militar da Ucrânia. Mas, num contexto em que, de acordo com a Constituição, as eleições só serão possíveis após o fim da lei marcial, a grande maioria dos ucranianos não quer eleições. O estudo indica que apenas 12% dos ucranianos acreditam que as eleições devem ocorrer de imediato invasão. Um número maior de ucranianos, cerca de 22%, apoia eleições após um cessar-fogo com garantias de segurança. Um estudo do KIIS afirma que cerca de 63% dos ucranianos acredita que as eleições só devem ocorrer após o fim da guerra.

Mas Zelensky afirmou que não se candidatará à reeleição após o fim da guerra. "Se terminarmos a guerra com os russos, estou pronto para não concorrer a um segundo mandato, porque esse não é o meu objetivo", disse em setembro, numa altura em que não se colocava a hipótese de antecipar o ato antes do levantamento da lei marcial. Evidentemente que, no contexto atual. Zelensky não poderia deixar de se recandidatar.