A França quer organizar uma segunda reunião para discutir a Ucrânia e a segurança europeia esta quarta-feira, mas, desta vez, convidou países europeus que não compareceram no encontro do início desta semana – a que acrescenta, segundo a Reuters, o Canadá, o que é algo surpreendente, apesar de ser um país da NATO.
Noruega, Lituânia, Estónia, Letónia, República Checa, Grécia, Finlândia, Roménia, Suécia e Bélgica são os países desta vez convidados – ficando a dúvida sobre se os que foram a Paris na segunda-feira voltarão a ser convidados. Alemanha, Itália, Dinamarca, Polónia, Reino Unido e os executivos da União Europeia estiveram em Paris na primeira reunião. O formato seria híbrido, incluindo participação em vídeo.
O novo encontro acontece depois de, esta terça-feira, delegações da Rússia e dos Estados Unidos se terem encontrado em Riad, capital da Arábia Saudita – numa reunião que não foi tão longe como era esperado pelos analistas. De facto, uma cimeira entre a Rússia e os Estados Unidos ao nível da presidência foi um dos pontos que eram esperados no final dos trabalhos, mas tal encontro não está ainda agendado.
O novo encontro faz parte dos esforços para avaliar como poderiam ser as possíveis garantias de segurança para a Ucrânia, como a Europa deve agir mais rapidamente para aumentar os gastos com a defesa comum e como agir mais rapidamente à medida que o governo dos EUA acelera a diplomacia para acabar com a guerra na Ucrânia.
Alguns países ficaram descontentes com o facto de a reunião ser apenas para líderes selecionados e não uma cimeira completa da União, mas isso ficou a dever-se, segundo o Palácio do Eliseu, a ser praticamente impossível encontrar um consenso no quadro do bloco dos 27 – o que acabaria por tornar o encontro pouco eficaz. De qualquer modo, em alguma altura, o debate do aumento do financiamento de defesa comum terá de ser tido entre todos – com os evidentes problemas de os 27 encontrarem uma plataforma comum, nomeadamente na questão central de um financiamento igualmente comum, semelhante àquele que foi decidido para fazer face à pandemia de Covid-19.
Entretanto, as delegações norte-americana e russa reunidas em Riad esta terça-feira debateram, entre outros assuntos, a possibilidade de organização de uma cimeira entre Vladimir Putin e o seu homólogo Donald Trump, mas, segundo a agência TASS, nada ficou fechado – disse Yuri Ushakov, conselheiro de Política Externa do presidente russo.
"Ainda é difícil dizer se as posições russa e americana se aproximaram, mas esse era o tópico", disse Ushakov, considerando prematuro falar sobre "datas concretas para um encontro entre os dois líderes". Ou seja, a convergência de pontos de vista sobre a Ucrânia não é, afinal, tão grande como a que deixavam antecipar as declarações recentes de Trump sobre a Ucrânia.
"Explicámos que a implantação na Ucrânia de tropas das forças armadas dos países da NATO, mesmo que sob uma bandeira diferente, sob a bandeira da União Europeia ou sob bandeiras nacionais, não muda nada. Isso é claro que é inaceitável", disse Lavrov, que chefiava a delegação russa. Para além de Sergey Lavrov e de Yury Ushakov, estava também do lado russo o CEO do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev. O secretário de Estado Marco Rubio era acompanhado pelo conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e pelo enviado especial ao Oriente Médio Steve Witkoff.
Rubio e Lavrov concordaram em nomear equipas de alto nível para começar a trabalhar no fim do conflito na Ucrânia o mais rapidamente possível. Estabeleceram também uma via direta de resolução de conflitos potenciais e decidiram estabelecer relações diplomáticas normais e estáveis, ao nível da troca de embaixadores.
Por outro lado, após uma reunião em Ancara com Volodymyr Zelensky, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse esta terça-feira que a Turquia seria um "anfitrião ideal para as prováveis negociações entre Rússia, Ucrânia e Estados Unidos num futuro próximo". E recordou iniciativas anteriores da Turquia, membro da NATO, que sediou duas vezes, em 2022, negociações entre Moscovo e Kiev que resultaram na troca de prisioneiros e na abertura do Mar Negro à exportação de cereais por parte da Ucrânia.