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Turistas portugueses entre os europeus que mais evitam viagens aos EUA

Os turistas europeus estão a evitar os EUA como destino de férias e em março, menos 18,6% de portugueses evitaram viajar para este país. Tensão política e económica mas também o temor face à hostilidade nas suas fronteiras marcam tendência penalizadora para as companhias aéreas.

Os turistas portugueses estão a colocar de lado os EUA como destino de viagem e foram a nona nacionalidade europeia com a maior queda nessa preferência em março. Ao nível europeu, a escolha deste destino tem sofrido uma diminuição drástica atribuída à "tensão política e económica" mas também ao "temor face à hostilidade nas suas fronteiras", sobretudo desde que Donald Trump regressou à Casa Branca.

De acordo com dados da International Trade Administration, a queda de visitantes portugueses aos EUA foi de 18,6% face a março de 2024: de 16.755 para 13.635 turistas. Numa análise trimestral, é possível perceber que nos primeiros três meses do ano passado, já 41 mil portugueses tinham escolhido os EUA como destino de férias. No mesmo período de 2025, registou-se uma queda de 4,4% face ao período homólogo, correspondente a 39.198 turistas.

Os analistas consideram que esta situação deverá ameaçar as rotas aéreas mais lucrativas do mundo. Vamos a números: dizem as estatísticas que os turistas da Europa Ocidental que pernoitaram pelo menos uma noite nos EUA diminuíram 17% em março face ao ano anterior, de acordo com a International Trade Administration.

No primeiro trimestre deste ano, o número de visitantes da UE que escolheram os Estados Unidos como destino de viagens desceu 7,8% face ao período homólogo, a maior queda desde 2009 se não tivermos em conta o período da pandemia. Se nos primeiros três meses do ano passado, os EUA foram escolha para férias para 2,6 milhões de turistas europeus, em 2025 esse número desceu para 2,4 milhões de turistas. Janeiro foi o mês que registou a maior queda neste período: descida de 17%.

De acordo com os números fornecidos, as viagens a partir de países como a Irlanda, Noruega e Alemanha diminuíram mais de 20% no mesmo período.

O número de visitantes da Europa Ocidental, de onde provém a maioria dos turistas que viajam para os Estados Unidos, foi de 905.603, uma queda de 17,2% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O número de alemães desceu 28,2%, o número de espanhóis 24,6%, o número de portugueses 18,6%, o número de britânicos 14,3%, o número de franceses 8% e o número de italianos 3,4%.

A Dinamarca teve uma quebra de 33,9%, a Irlanda uma quebra de 26,9%, a Áustria uma quebra de 22,8%, a Bélgica uma quebra de 16,3% e a Grécia foi das poucas a registar um aumento, com 1,8%.

Turismo pesa 2,5% do PIB dos EUA

Destacam os analistas que esta tendência constitui uma ameaça para a indústria de turismo norte-americana, um sector que assume 2,5% do PIB dos EUA. Algumas companhias aéreas e grupos hoteleiros advertiram a propósito da diminuição da procura de viagens transatlânticas e da má reputação associada às visitas aos EUA.

Assim, o número total de visitantes estrangeiros que viajaram para os EUA diminuiu 12% em março, em comparação com o mesmo período do ano passado, a queda mais acentuada desde março de 2021, altura em que o sector turístico cambaleava devido às restrições da pandemia, segundo dados da ITA.

"Em apenas dois meses, (Trump) destruiu a reputação dos EUA, como se demonstra pela diminuição das viagens desde a UE", destacou Paul English, cofundador do site de viagens Kayak. "Este não é apenas outro golpe terrível para a economia norte-americana, mas também representa um dano na reputação que poderá levar várias gerações a reparar".

Nota para o facto das rotas transatlânticas serem as mais rentáveis do mundo, sendo que as companhias aéreas estavam a sentir uma crescente procura relativamente a estes voos desde a pandemia, com especial predominância para uma maior apetência para os lugares em primeira classe. A Virgin já advertiu que se sente uma "leve desaceleração" da procura por estes voos e a Air France-KLM também foi obrigada a cortar as tarifas transatlânticas face a uma "ligeira debilidade do mercado"

A queda no número de turistas internacionais aos EUA, e o possível impacto económico que a mesma acarreta, pode estar relacionada com uma política fronteiriça mais agressiva a partir do Governo de Donald Trump.