A Sotecnisol conta com mais de 50 anos de história nos sectores da construção, energia e ambiente. Como decidiram investir na Evolut.green neste momento?
Atualmente, Portugal é o terceiro país na Europa que mais adquire veículos elétricos, estimando-se que, até 2035, seja muito reduzido o número de veículos convencionais à venda. E a verdade é que não temos ainda carregadores suficientes, seja em casa ou na via pública, para todos os carros que teremos. A EVOLUT.green é uma empresa com capacidade para ser um player de referência a nível nacional na transição energética e, como tal, queremos partilhar o nosso conhecimento e os projetos que estamos a desenvolver, no âmbito das smart cities mais sustentáveis.
O que pretende a Sotecnisol com esta aquisição?
A EVOLUT.green integra a estratégia do Grupo Sotecnisol, que tem como objetivo tornar-se um player de referência na transição energética, a nível nacional, e oferecer soluções numa lógica de ‘one-stop-shop’. Com a evolução dos sistemas de carregamento, pretendemos fazer crescer o setor em Portugal, estimando um crescimento de mais de 300% na oferta de carregadores para veículos elétricos, até final da década.
Que oportunidades procuram no mercado da mobilidade elétrica?
O mercado da mobilidade elétrica é competitivo, mas oferece uma série de oportunidades interessantes. O crescimento exponencial do mercado de viaturas elétricas corresponde a uma necessidade de aumentar as infraestruturas de carregamento e o nosso objetivo passa por responder a esta necessidade. No Grupo Sotecnisol, disponibilizamos uma oferta integrada e diferenciadora, que engloba os carregadores para veículos elétricos, energia fotovoltaica e sistema de armazenamento de energia em baterias.
Quais os principais desafios que este segmento enfrenta agora e que o grupo quer amenizar com a aquisição da Evolut.green?
Entre os maiores desafios neste segmento, podemos nomear a adequação de legislação e regulamentação que respondam às necessidades do mercado como a necessidade de padronização de conectores, a construção de infraestruturas em zonas remotas e a garantia de uma experiência de carregamento confiável ao utilizador. Nesse sentido, a EVOLUT.green pretende ser um player ativo e diferenciador.
Em junho disseram que este negócio prevê um crescimento superior a 300% de carregamentos para os próximos sete anos. Como preveem atingir este crescimento?
A EVOLUT.green está comprometida em expandir-se em sintonia com o crescimento de veículos elétricos em Portugal, projetado para ultrapassar os 300% até 2030. Além disso, estamos a trabalhar para diversificar as nossas áreas de atuação, incluindo baterias de armazenamento elétrico para instalações, soluções de Smart Cities ecomunidades de energia. Estamos, também, a desenvolver o Grupo SOTECNISOL para atuar sob o modelo de energia como serviço (EaaS), onde o cliente apenas se terá de preocupar com um PPA (contrato de compra de energia), sem ter de investir em infraestrutura ou equipamentos, e todos os sistemas de energia renovável são garantidos pelo fornecedor de energia. Assim, há uma valorização da circularidade, das fontes renováveis e da autonomia dos consumidores.
Na comunicação da aquisição da empresa disseram que querem elevar a faturação e chegar aos três dígitos até 2026. Este é um plano ambicioso, dado que faltam pouco mais de três anos?
É um plano ambicioso do grupo para o qual olhamos com entusiamo, visto que estamos em plena transição energética e a eletrificação para a descarbonização é já uma realidade incontornável. Acreditamos que fazemos parte desta nova realidade e que vamos conseguir atingir os objetivos definidos para os próximos anos, por crescimento orgânico e também por aquisições.
Quais as perspetivas de crescimento da Sotecnisol neste sector para os próximos anos?
Para os próximos anos pretendemos continuar a evoluir de forma constante. Temos em pipeline algumas aquisições em diversos setores, o que nos vai permitir ampliar o nosso leque de serviços e produtos. Neste sentido, e com o objetivo de ter um impacto significativo na área das energias renováveis, vamos investir no desenvolvimento de baterias, para armazenamento de energia, no hidrogénio verde e em comunidades de energia.
Portugal é o terceiro país da Europa que mais compra veículos elétricos, mas os postos de carregamentos ficam aquém deste crescimento. Este é um problema que esta aquisição visa colmatar?
Sem dúvida. Para isso, é necessário expandir a infraestrutura, com investimento na construção de mais estações de carregamento público, e aumentar a oferta de carregadores de alta velocidade. A EVOLUT.green tem uma gama alargada de carregadores AC e DC, e tem estado a trabalhar para alargar a sua oferta. Priorizar a instalação de carregadores de alta velocidade, como os carregadores DC, que reduzem significativamente o tempo de carga, é fundamental para diminuir as dificuldades da falta de postos de carregamento. Além disso, estamos preparados para instalar carregadores em regime DPC (Detentor de Ponto de Carregamento) e já temos licença de OPC (Operador de Postos de Carregamento). Agora o objetivo é estar presente no mercado da operação de postos de carregamento.
Como pode o Governo potenciar o aumento dos postos de carregamentos no país?
O Governo português pode promover o aumento dos postos de carregamento através de medidas pertinentes como a criação de regulamentações favoráveis, incentivos financeiros, parcerias público-privadas, padronização de carregamento e colaboração internacional. Além disso, é importante investir em investigação e desenvolvimento e em literacia energética, de forma a desenvolver a tecnologia e promover a consciencialização sobre o benefício dos veículos elétricos e postos de carregamento, incentivando a transição para mobilidade elétrica e investimento nos postos de carregamento.
Como é que a aquisição da Evolut.green aumenta a exposição da Sotecnisol às smart cities?
Os desafios da digitalização, da Inteligência Artificial, a transição energética e a criação de smart cities são os nossos principais desafios que nos motivam realmente. A interligação dos dois grupos: JOYN e SOTECNISOL, através da EVOLUT.green, visa potenciar o desenvolvimento de tecnologia para as smart cities, atendendo à grande complementaridade dos dois grupos – um mais posicionado em software e o outro em hardware, respetivamente.
O grupo pretende unir as soluções que já possui no sector da energia às da Evolut.green?
O nosso objetivo é tornar o Grupo Sotecnisol numa ‘one-stop-shop’ na transição energética, complementando continuamente as soluções no setor energético que já oferecemos. Desta forma, temos como missão facilitar a vida dos consumidores, oferecendo uma solução completa e conveniente para as suas necessidades.
Têm presença em outros países. Visam expandir a tecnologia da Evolut.green a outros países?
Temos como objetivo continuar a expandir o negócio a outros mercados. Atualmente, operamos em vários países de África, em Espanha, encontramo-nos a entrar em França e a tendência será continuar a expandir o negócio. A nossa ambição de marcar presença nas mais diversas regiões geográficas coaduna-se com a intenção de tornar a nossa oferta semelhante a nível global. No que respeita à Evolut.green, pretendemos, em primeiro lugar, criar uma presença forte e robusta a nível nacional, com o objetivo de levar para fora o que de melhor se faz cá dentro, numa segunda fase.