O Governo português vai avançar com a contratação de médico brasileiros e cubanos e o presidente do Sindicato independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, acusou o Governo de dar melhores condições aos médicos estrangeiros do que aos portugueses.
Quanto confrontado pelo Jornal Económico sobre a contratação de médicos estrangeiros, Roque da Cunha lembrou que o Governo "vem, desde logo fazer um contratação de médicos cubanos a um estado que não é democrático e cobra uma contratação por cada médico".
Já em relação aos médicos brasileiros, assegura "que não há nenhum problema quanto à contratação de médicos estrangeiros", garantiu o representante do SIM, acrescentando, no entanto, que não compreende as condições que são dadas a estes médicos.
"Não compreendemos as condições oferecidas a médicos não especialistas, pois ficam com um salário igual aos médicos que tem aqui especialidade, a possibilidade de lhe dar casa de função, nenhum medico do SNS tem casa de função. Não percebemos como lhes dão melhores condições", destacou.
Na sexta-feira foi noticiado que Administração Central do Sistema de Saúde fez publicar, no Brasil, um anúncio para cativar médicos brasileiros para centros de saúde em zonas de maior carência de médicos de família em Portugal, oferecendo 2.863Euro por mês e casa de função.
O SIM criticou também a "atitude que o governo tem tido de não investir na massa crítica nacional porque não há falta de médicos em Portugal, há falta de médicos no SNS".
De forma a solucionar os problemas dos médicos com o Ministério da Saúde, o SIM pediu ontem ao Presidente da República para intervir. "Solicitamos que o presidente exerça a sua magistratura de influência, dada as preocupações que tem relevado publicamente sobre a matéria da saúde, pois ainda muito recentemente, quanto ao veto que fez ao decreto lei dos professores, o expressou de uma forma muito clara", sublinhou.
"Depois de um ano e dois meses do processo negocial em que o Governo continua indiferente à saída de médicos no serviço nacional de saúde, resultando em um milhão e seiscentos mil portugueses sem médico, listas de espera para cirurgias e consultas como nunca e com a carga fiscal com que os portugueses têm sido fustigados".
Para o SIM é preciso investir muito mais em salários. "Não basta inscrever no orçamento de estado, como aconteceu o ano passado, uma verba de 580 milhões de euros para verificar que executaram 220 milhões", frisou.