A atividade na zona euro deu novamente sinais de recuperação, uma tendência que se vem verificando nos últimos meses e que dá esperança quanto a novo trimestre de crescimento após as dificuldades vividas no ano passado. O sector dos serviços continua a dar força à economia da moeda única, compensando a fragilidade do lado da indústria, que também começa a ver a luz ao fundo do túnel.
O índice de gestores de compras (PMI) da zona euro em abril voltou a subir, chegando a 51,7, um máximo de onze meses e a segunda leitura consecutiva acima de 50 pontos, ou seja, sinalizando uma expansão da economia. O mercado apontava a 50,8, valor que havia já sido ultrapassado na leitura rápida que apontava a 51,3.
O impulso foi conseguido sobretudo à custa dos serviços, que continuam a suportar a economia europeia. Menos afetados pela crise energética, os empresários do sector têm vindo a melhorar as perspectivas para o resto do ano à boleia de uma procura mais forte do que estimada, o que puxa também o emprego do sector.
Tal ajuda a explicar o máximo de onze meses verificado no subíndice referente ao sector terciário, que subiu de 51,5 em março para 53,3, acima da estimativa de 52,9 dos analistas. Na mesma linha, a abertura de empresas registou-se a um ritmo sem equiparável desde maio do ano passado, isto apesar da pressão continuada do lado da produtividade e dos custos intermédios.
“Esta tendência sugere um otimismo crescente entre as empresas de serviços, um sentimento reforçado pelas expectativas de negócio, que estão atualmente muito mais fortes do que nos últimos dois anos”, refere Cyrus de la Rubia, economista chefe do HCOB, banco responsável pelo inquérito.
Do lado da produtividade, as empresas têm “consistentemente expandido o seu staff”, o que sugere que o nível de emprego tem crescido sem alterar a produção. Tal coloca mais pressão sobre a política monetária europeia, que tem repetidas vezes focado a questão dos juros na possibilidade de efeitos de segunda ordem.
Uma nota mais preocupante para o Banco Central Europeu (BCE) prende-se com as tensões inflacionistas que persistem. Os custos operacionais, que “representam sobretudo custos unitários do trabalho”, continuaram a subir no último ano; acresce que boa parte desta pressão foi transmitida pelas empresas, o que sugere não só uma procura forte, como destaca Cyrus de la Rubia, mas também mais pressão nos preços.
Olhando por país, a economia espanhola continua a destacar-se pela força acima da média, reforçando a ideia de que os países da periferia, sobretudo do Sul, estão a suportar o crescimento do bloco europeu. Ainda assim, Alemanha e França registaram ambas máximos de quase um ano para o subindicador dos serviços, dando esperança que a inversão das dificuldades recentes esteja a acontecer agora.