A Ucrânia voltou esta terça-feira a lançar ataques em território russo a poucos dias das eleições presidenciais na Rússia, que terão lugar entre 15 e 17 deste mês. Segundo as agências internacionais, pelo menos nove regiões do país invasor foram alvo de ataques com drones ucranianos, que conseguiram incendiar várias refinarias e depósitos de combustível no país.
Ao mesmo tempo, os militares russos entraram em confronto, também esta terça-feira, com os grupos Batalhão Siberiano e Legião Rússia Livre, formados por voluntários russos que lutam ao lado das forças ucranianas.
Para os analistas, os ataques estão diretamente direcionados para o momento político que a Rússia atravessa: um ataque do país invadido pretende influenciar a disposição dos eleitores em termos de perceção de segurança e devolver a insegurança, precisamente, ao interior do país que há dois anos abriu o confronto. Os ataques ao território russo – nomeadamente à Crimeia – têm-se repetido ao longo dos anos de guerra, mas o desta terça-feira, pelo números e pelos estragos causados, será por certo um dos de maior impacto alguma vez perpetrados pelas tropas ucranianas. O problema é se a estratégia funcionar ao contrário: não sendo a guerra com a Ucrânia propriamente um tema que mereça oposição clara dos russos, o acréscimo de insegurança pode gerar exatamente uma aproximação dos eleitores ao candidato Vladimir Putin.
Entretanto, e segundo reportagem da agência Reuters, a elite russa espera que o presidente Vladimir Putin reformule cargos no governo para trazer pessoas mais jovens após a mais que esperada vitória eleitoral do próximo fim-de-semana, disseram fontes próximas das autoridades do Kremlin.
No controlo de todo o Estado e sem concorrentes políticos sérios, Putin - no poder como presidente ou primeiro-ministro desde o último dia de 1999 – pode vir a remodelar o executivo desde logo ao nível dos vice-ministérios e das chefes de departamentos ministeriais. O mesmo pode suceder nas principais corporações estatais – entre elas nas gigantescas empresas estatais de energia e nos mais de 80 governadores regionais da Rússia.
Putin, de 71 anos, deverá permanecer no poder até 2036, se reeleito no domingo e novamente em 2030. Na sua faixa etária estão, entre outros, o ministro da Energia, Nikolai Shulginov (72 anos), o ministro dos Transportes, Vitaly Savelyev (70), e o vice-primeiro-ministro Yuri Trutnev (68). O governo de Putin lançou uma série de programas para identificar e aproximar uma nova geração de líderes, que inclui uma "lista de reserva" de 100 candidatos.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, e segundo os jornais norte-americanos, o país prepara um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia que pode valer até 400 milhões de dólares. A suceder, será a primeira medida deste tipo desde há vários meses, uma vez que fundos adicionais para Kiev continuam bloqueados pelos líderes republicanos no Congresso.
O Exército dos Estados Unidos tem feito enormes compras de munições e veículos para reabastecer a Ucrânia e, segundo a Reuters, as autoridades federais estão a analisar formas de apreender cerca de 285 mil milhões de dólares em ativos russos imobilizados desde 2022 e usar esse dinheiro para pagar os fornecimentos à Ucrânia.
Novidades sobre estas matérias são esperadas esta quarta-feira – no quadro de uma visita do primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk – com o reforço do apoio à Ucrânia na agenda comum.
Recorde-se que o presidente republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, aliado de Donald Trump, recusou até agora a convocar uma votação sobre um projeto de lei que forneceria 60 mil milhões de dólares a mais para a Ucrânia. A medida foi aprovada no Senado, de maioria democrata, e tanto republicanos como democratas na Câmara dizem que passaria na Câmara se os líderes republicanos permitissem uma votação.
As agências de inteligência norte-americanas pressionaram com urgência os membros da Câmara dos Representantes esta terça-feira, para aprovarem assistência militar adicional à Ucrânia.