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Rendas das casas desaceleram com queda do poder de compra das famílias

Em abril, o valor da renda na habitação registou uma subida anual de 16,4%, mas desde então tem vindo num processo de desaceleração, fixando-se nos 5,1% em outubro. Responsável do 'idealista' justifica cenário com incapacidade das famílias em suportarem rendas elevadas e o ajuste natural do mercado, após anos de forte valorização em cidades como Lisboa e Porto.

Apesar da subida anual de 5,1% em outubro, as rendas das casas em Portugal desaceleraram pelo sexto mês consecutivo, segundo os dados do 'idealista'. Um cenário que Ruben Marques, responsável da plataforma imobiliária acredita que está relacionado com dois fatores: um ajuste natural do mercado, após anos de forte valorização, especialmente em cidades como Lisboa e Porto, mas principalmente a diminuição do poder de compra das famílias, que reduziu a capacidade de suportar rendas elevadas.

"Esta combinação de fatores pode indicar que o mercado está em busca de um novo equilíbrio, adaptando-se às condições económicas atuais e às necessidades de quem procura casa para arrendar", afirma Ruben Marques, em declarações ao Jornal Económico (JE). Analisando os dados da plataforma verifica-se que, em abril, o valor da renda na habitação registou uma subida anual de 16,4%, mas desde então tem vindo num processo de desaceleração, ficando abaixo dos 10% a partir de julho (9,1%).

Contudo, e mesmo com esta desaceleração nos preços, o valor do m² em Portugal, no mês de abril, continua idêntico ao registado em outubro, 16,1 euros/m². "Nos últimos meses, temos assistido a uma estabilização nos preços das casas para arrendar em Portugal, com os valores a manterem-se relativamente inalterados em agosto e setembro", salienta Ruben Marques.

No entanto, em outubro observou-se uma quebra de -1,5% a nível trimestral, algo que já não acontecia desde dezembro de 2021, altura em que os preços das rendas desceram -0,7%. Para o responsável do 'idealista', estes dados podem ser interpretados como um sinal de que "o mercado de arrendamento pode ter atingido o seu teto máximo".

Esta descida é também notória em termos mensais, isto porque desde agosto que os valores das rendas se encontram num registo negativo e que em outubro foi de -1,2%. Ruben Marques sublinha que os próximos meses serão cruciais para determinar se os preços do arrendamento continuarão a estabilizar em 2025 ou se "seremos confrontados com variações nos valores das rendas, seja por aumento ou diminuição".

Olhando para os dados a nível distrital, Coimbra (+11%) foi a capital de distrito onde os preços dos rendas mais aumentaram no espaço de um ano, sendo que Funchal (+10,9%) e Viseu (+10,3%) também mostraram uma forte tendência de subida, sendo os únicos com uma subida acima dos 10%.

Em Lisboa, as rendas ficaram 5,3% mais caras e no Porto essa encarecimento foi mais expressivo: 6,1%. Évora (-3,6%) foi a capital de distrito onde os preços das rendas mais desceram, seguida por Aveiro (-1,4%).

Por regiões, a Grande Lisboa, com 19,3 euros/m2, continua a ser a região mais cara, seguida pelo Algarve (14,5 euros/m2), Região Autónoma da Madeira (14,3 euros/m2) e Norte (14,1 euros/m2). Do lado oposto da tabela encontram-se a Região Centro (9,2 euros/m2), Região Autónoma dos Açores (9,2 euros/m2) e o Alentejo (9,9 euros/m2), que são as mais baratas.