Skip to main content

Recuperação na zona euro aproxima-se com empresas a verem a luz ao fundo do túnel

O índice de gestores de compras para os serviços na zona euro voltou a mostrar um crescimento do sector pela primeira vez em sete meses, dando fôlego à economia europeia e trazendo o indicador composto para um patamar próximo da estabilização.

A atividade na zona euro dá sinais de recuperação, com o índice de gestores de compras (PMI) dos serviços de fevereiro em terreno positivo pela primeira vez em sete meses, isto apesar da fragilidade ainda evidenciada pelo sector industrial e pela maior economia europeia, a Alemanha.

O PMI composto da moeda única subiu até 49,2, o valor mais alto em oito meses e próximo do ponto de inflexão entre contração da atividade (abaixo de 50) e expansão (acima de 50). Esta leitura é uma revisão em alta da estimativa rápida, que apontava para 48,9, e também uma subida relativamente aos 47,9 pontos de janeiro.

A melhoria deveu-se exclusivamente ao sector terciário, que voltou a uma situação de crescimento, após sete meses com uma leitura de 50,2 (havia ficado em 48,4 em janeiro). Já a indústria, que tem vivido as maiores dificuldades no último ano, manteve a leitura de 46,6 registada no mês anterior, ou seja, permanecendo em terreno claro de contração.

O Hamburg Commercial Bank, instituição responsável por este inquérito de mercado, fala num “rejuvenescimento” dos serviços que permitirá a “estabilização” da economia da moeda única, apesar da fraqueza evidenciada pela indústria. Cyrus de la Rubia, economista chefe do banco, destaca precisamente o retorno ao crescimento do sector terciário.

“Apesar de o crescimento ser residual, é complementado por desenvolvimentos positivos noutros subindicadores”, acrescenta. O destaque vai, por um lado, para a expansão do sector apesar de enfrentar uma procura não particularmente forte e, por outro, para o ritmo mais acelerado de criação de emprego em oito meses.

Mesmo com a aceleração do emprego terciário, o subíndice referente ao emprego global “mantém-se consistente com a nossa previsão de crescimento laboral em queda nos próximos meses”, escreve a análise da Pantheon Macro. Esta trajetória do emprego não irá, contudo, perturbar o Banco Central Europeu (BCE) “dado o quão rígido o mercado está”; pelo contrário, “a subida nas expectativas de preços irá seguramente dar um alerta”.

Do lado dos serviços, a expectativas quanto a preços de venda subiram consideravelmente, mas foi do lado dos custos intermédios que o subíndice tocou máximos de nove meses; na indústria, “com relatos de pressões salariais fortes”, os custos das empresas aceleraram ao ritmo mais elevado dos últimos dez meses, renovando a tensão inflacionista nos preços.

Esta tendência implícita de preços em alta deve inclinar os decisores do BCE a arrancarem com a normalização da política monetária mais tarde, projeta a Pantheon, dado o risco de renovada subida dos preços.

Olhando por país, a Alemanha volta a destacar-se pela negativa, sendo a única das cinco economias com dados detalhados que continua a ver uma deterioração dos PMI. Espanha e Itália estão já em terreno de expansão, ou seja, acima de 50, registando leituras de 53,9 e 51,1, respetivamente. Em ambos os casos, foram máximos de nove meses.

Serviços nos EUA crescem há 45 meses

Nos EUA, a atividade também dá sinais de maior vitalidade, com o PMI composto a atingir máximos de oito meses. A produção norte-americana continua a crescer pelo décimo terceiro mês consecutivo, suportada por um sector dos serviços em expansão, há 44 dos últimos 45 meses (só em dezembro de 2022 a leitura ficou abaixo de 50 pontos), e por uma indústria em recuperação.

Os serviços americanos viram uma atividade crescente em fevereiro, o que se traduziu numa subida de 52,0 em janeiro para 52,5 em fevereiro, isto quando o mercado projetava uma descida para 51,4. Os serviços têm mostrado consistentemente leituras em zona de expansão da atividade, mas a indústria registou apenas a segunda leitura consecutiva acima de 50 pontos e o ritmo mais elevado de crescimento da atividade, desde julho de 2022.

A produção industrial acelerou da forma mais expressiva, desde maio de 2022, e as novas encomendas cresceram ao ritmo mais elevado dos últimos 21 meses. Acresce que também as encomendas para exportação registaram o terceiro mês seguido de aceleração, chegando ao crescimento mais elevado, desde maio de 2022, e a criação de emprego no sector tocou máximos de cinco meses, dando sinais transversais de melhoria na indústria norte-americana.

Outra nota positiva prende-se com o aliviar de pressões inflacionistas na maior economia do mundo, dado que os custos intermédios subiram ao ritmo mais lento, desde outubro de 2020. Apesar disto, as empresas continuam a projetar passar a incidência destas subidas aos consumidores, pelo que os preços de venda devem continuar a subir, deixando a Reserva Federal de sobreaviso.