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“Quem detém o poder também controla a narrativa histórica”

Desde a adolescência que a mente efervescente de Djam Neguin lhe mostrou o caminho a seguir. Da Cidade da Praia rumou a Braga, onde viveu entre os 9 e os 19 anos. Regressou a Cabo Verde e continuou a criar outras narrativas para a sua cabo-verdianidade, para a sua “pretitude e para um mundo distinto que precisa de ser construído, primeiro, no exercício da imaginação”. A sua vocação camaleónica e fusionista também passa pelo ensino. Leciona em diversas capitais mundiais e considera a educação e as artes dois pilares fundamentais para a construção de uma sociedade onde prevaleça o “progresso solidário e a justiça social”.

O ativismo cultural faz sentido em todas as épocas, mas será ainda mais relevante naquela em que vivemos?
Penso que uma singularidade do nosso tempo tem sido uma ‘fractalização’ do próprio conceito de ativismo, visto que muitas vezes nos perdemos entre aquilo que é militância política, aquilo que é gosto ou palpite pessoal, lutas identitárias e outros marcadores de uma sociedade polifónica e interconectada. Em todas as épocas, o ativismo cultural – sobretudo através dos movimentos contra culturais – contribuiu para rasgar os cânones e apontar caminhos outros para a “partilha comum do sensível”, de modo a gerar outros fluxos de expressão, sobretudo de grupos minoritários e fora das representações hegemónicas e da cultura de massas. Em um mundo caracterizado por desafios globais, desigualdades profundas, e um ambiente mediático e digital em flecha, faz sentido pensar que o ativismo se constitui como ferramenta poderosa de resistir, transformar e reimaginar o futuro. Ao mobilizar as forças criativas da cultura, os ativistas podem não apenas desafiar o statu quo, mas também inspirar novas possibilidades para a humanidade.

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