O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse, esta terça-feira, que o Hezbollah "não pode ficar sozinho" contra Israel, sob pena de o foco de guerra que está a ser criado na fronteira entre o Líbano e o Estado hebraico redundar com facilidade numa guerra regional de proporções alargadas. O temos dos analistas é precisamente que o Irão decida retaliar e partir em auxílio do grupo libanês que apoia – da mesma forma que já há apoios vindos do Iraque.
Ao mesmo tempo que dizia estas palavras, o Hezbollah disparava mísseis contra cidades do norte de Israel e as forças de defesa de Israel (IDF) renovavam os ataques aéreos contra alvos no Líbano – nomeadamente contra a capital, Beirute.
"O Hezbollah não pode ficar sozinho contra um país que está a ser defendido, apoiado e fornecido por países ocidentais, por países europeus e pelos Estados Unidos", disse Pezeshkian em entrevista à CNN. E pediu à comunidade internacional que "não permita que o Líbano se torne outra Gaza", em resposta a uma pergunta sobre se o Irão usaria a sua influência junto do Hezbollah para pedir moderação. O presidente não foi claro sobre a matéria, mas uma intervenção do Irão é um cenário que, neste momento, nenhum analista descarta.
As IDF disseram esta terça-feira que atingiram mais de 1.600 posições do Hezbollah no dia anterior - a maioria armas armazenadas dentro de casas, o que permite todas as leituras. O Ministério da Saúde do Líbano disse que foram mortas cerca de 600 pessoas, incluindo 35 crianças, nos ataques ao Líbano. Os números não distinguem entre combatentes e civis – e com certeza que o ocidente tratará de os colocar em causa, tal como tem feito com os números de mortos e feridos avançados pelo Hamas.
O Irão pediu ao Conselho de Segurança da ONU que "tome medidas imediatas" contra a escalada "insana" israelita. "O Irão não permanecerá indiferente", disse o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, num post numa rede social. "Estamos com o povo do Líbano e da Palestina."
Os ataques israelenses ocorreram menos de uma semana depois que ataques coordenados de sabotagem, amplamente atribuídos ao Estado judeu, tiveram como alvo os dispositivos de comunicação do Hezbollah, matando 39 pessoas e ferindo quase três mil em todo o Líbano. "Sabemos melhor do que ninguém que, se uma guerra maior eclodir no Oriente Médio, não beneficiará ninguém globalmente", disse Pezeshkian. "É Israel que tenta criar esse conflito mais amplo”, recordando que o Irão "não começou nenhuma guerra nos últimos 100 anos". Mas, ressalvou, "nunca permitirá que qualquer país nos force a alguma coisa e ameace a nossa segurança e integridade territorial".
Vale a pena recordar que, em abril, o Irão lançou o seu primeiro ataque direto a Israel, disparando mais de 300 mísseis e drones contra o país. A maioria foi derrubada por defesas aéreas fora do espaço aéreo israelita e as autoridades iranianas anunciaram o ataque, na aparente preocupação de dar a entender o seu potencial militar, mas sem causar mortes entre os civis – o que foi conseguido.