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Portuguesa Pendular investe 200 mil euros e cria “Amazon” de produtos e serviços para PME

A empresa de 'outsourcing' de compras, que se tem dedicado a grandes organizações, como bancos e consultoras, lança agora uma solução para pequenas e médias empresas, que "estão absolutamente sufocadas com licenciamentos e acesso ao financiamento", segundo o CEO.

A empresa de outsourcing de compras Pendular fez um investimento de 200 mil euros para criar uma loja online (marketplace) para produtos e serviços dos quais as pequenas e médias empresas (PME) precisam no dia-a-dia do escritório. Após mais de meio século de história, a “Solutions Pendular” representa a entrada desta empresa portuguesa no mercado do comércio eletrónico (e-commerce), avançou ao Jornal Económico (JE) o CEO.

Em causa está um portal online que centraliza, num único espaço, itens que fazem parte das necessidades quotidianas das organizações, nomeadamente papéis para repor nas impressoras, cadeiras e computadores para os colaboradores ou até snacks e fruta fresca para colocar nas mesas de reuniões e copas. No total, são mais de 15 mil referências em produtos e 15 serviços diferentes, onde se incluem avenças mensais para canalizadores e eletricistas, limpezas ou aluguer de máquinas dispensadoras de água.

O objetivo da Pendular é melhorar a experiência de compras das PME, que têm maiores desafios de otimização. “As PME estão absolutamente sufocadas com licenciamentos, acesso ao financiamento e fraquíssima literacia digital na maioria dos casos. De repente, há aqui uma solução à escala do nosso território, que são as chatices (encomendas a 20 fornecedores, manutenção informática, contabilidade…). Se conseguirmos contribuir para que 5 ou 10% das PME portuguesas cresçam com a expressão, estamos a fazer mais do que o crescimento do PIB deste país fez nos últimos 15 ou 20 anos, provavelmente”, afirma Vitor Ribeiro Gomes.

A loja virtual está acessível para todas as empresas através de um registo de utilizador. Na sua opinião, uma eficaz gestão de procurement tem um potencial de poupança (redução de custos) nas empresas de até dois dígitos.

Numa entrevista à publicação à “Hipersuper”, o CEO da Pendular admitiu que era “um bocadinho “old school” em relação ao e-commerce, por “acreditar na experiência de compra”, mas um ano depois lança-se nesta indústria. Porquê? “A lógica de old school continua um pouco a mesma. O que concluímos é que não estávamos a ser suficientemente lúcidos a perceber as tendências de mercado e o que necessita. Temos uma carteira de clientes com muita expressão [grandes empresas], mas 99% das empresas portuguesas são PME que se defrontam com o triplo dos problemas. Pura e simplesmente não tínhamos nenhuma solução de valor que lhes pudéssemos entregar”, esclarece Vitor Gomes ao JE.

Liderança da Pendular prepara sucessão e prevê  faturação de quatro milhões em 2024

Fundada em 1997, a Pendular dedica-se, em regime de externalização, às compras – no contexto empresarial chamadas procurement (aquisição de bens/serviços) – para outras empresas. Com uma faturação de 3,6 milhões de euros, emprega diretamente 11 pessoas (mais 10 em outsourcing) e tem 36 clientes (Accenture, Deloitte, Banco Finantia, Montepio, Santander Consumer Finance...), cuja duração média dos contratos é nove anos. Em 2024, o volume de negócios será de quatro milhões de euros.

O CEO da Pendular considera que, ao longo destes 27 anos de história, houve quatro grandes marcos positivos, desde logo a fundação pelos antigos gestores portugueses Adelino Marques e Margarida Marques, e cinco grandes crises. “Inicialmente estava orientada para outsourcing de compras de soluções para banca e seguradoras. Depois, vem a crise do subprime em 2010, onde a Pendular foi apanhada com 90% do volume de negócios concentrado nos bancos e companhias de seguros e confrontou-se com alguns problemas, porque desapareceram muitas insígnias”, conta ao JE.

Segundo Vitor Ribeiro Gomes, entre 2014-2015, a Pendular reinventou-se com a diversificação de negócio para outros setores de atividade económica. “Começa-se a afirmar enquanto central de soluções (serviços, contratos, facility services…) e um parceiro para o que gera complexidade e não é transacionável, desde contratos de limpeza e segurança a certificações energéticas”, exemplifica.

A fase de transformação mais recente ocorreu a partir de meados de 2018 quando houve uma alteração na estrutura acionista, que procedeu à aquisição da Pendular em outubro desse ano e envolveu uma nova readaptação.

“Onde é que estaremos daqui a 25 anos? Eu, certamente, não estarei cá, mas estou muito confortável com a sensação de que temo autênticos pilares de estratégia e executores desses pilares já dentro da organização. É uma organização com capacidade de se reinventar e de se regenerar”, comenta Vitor Gomes.

Questionado sobre se está a preparar a sucessão na liderança da empresa, da qual também é o acionista maioritário, o CEO de 61 anos responde que é “de bom senso assumir que, a partir de determinada idade, temos reputação – que pode ser boa ou má – e experiência, mas não temos nem metade da energia”. “O que há a fazer é alavancar a energia na gente nova. É o que estamos a fazer: a preparar a sucessão”, garante.