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Portugal está no top 20 europeu dos países com mais patentes na área do cancro

Portugal ocupa o 19.º lugar quanto ao número de patentes tecnológicas relacionadas com oncologia na Europa como um todo, revelando um crescimento consistente ao longo da última década. A startup iLoF é um bom exemplo desta dinâmica, somando três registos.

Portugal ocupa o 19.º lugar no número de patentes tecnológicas relacionadas com o cancro na Europa como um todo, apresentando um crescimento consistente ao longo da última década, revela um estudo da Organização Europeia de Patentes (OEP) divulgado esta segunda-feira no âmbito do Dia Mundial do Cancro, que se assinala amanhã, 4 de fevereiro.

"Este resultado vem na sequência de um crescimento consistente ao longo de quatro períodos consecutivos de três anos das famílias de patentes internacionais (FPI) relacionadas com o cancro, de 2010 a 2021, atingindo um total de 96 FPI", adianta o documento da OEP a que o Jornal Económico teve acesso.

Só a iLoF Intelligent Lab on Fiber (iLoF), startup de combate ao cancro orientada para a fotónica e a IA, registou três pedidos de patentes PCT - Tratado de Cooperação em matéria de Patentes - e figura no EPO Deep Tech Finder, ferramenta da Organização Europeia de Patentes (OEP) onde podem ser encontradas outras spin-offs e universidades portuguesas que apostam na inovação em oncologia.

Os dados mostram que a Europa acolhe o maior número de startups relacionadas com a oncologia, com cerca de 1500 entidades, em comparação com as 1325 nos EUA, mas está a perder quota nos pedidos de patentes nas áreas de elevado crescimento em comparação com os EUA e a China, caindo em média cinco pontos percentuais nos três domínios de crescimento mais rápido.

A imunoterapia celular é o domínio mais dinâmico com o número de pedidos de patentes a crescer à taxa média anual de 37,5% entre 2015 e 2021. Segue-se a terapia genética, com um crescimento de 31% e a análise de imagem, com 20%.

No período entre 2010 e 2021, cerca de metade de todas as patentes dos países da União Europeia (UE) teve origem em universidades, organismos públicos de investigação ou hospitais. Além da atividade direta de registo de patentes, mais de 12% dos pedidos de patentes da UE relacionados com o cancro teve origem em instituições de investigação, embora tenham sido apresentados por empresas.

Noutros Estados-membros da OEP, as instituições de investigação contribuíram com quase 30% de todas as patentes, tendo 6,4% sido de iniciativa empresarial.

António Campinos, presidente da OEP, considera que as conclusões do estudo constituem um sinal de alerta para o sistema europeu de inovação em oncologia à luz do relatório de Mario Draghi sobre o futuro da competitividade europeia.

“À medida que as tecnologias de combate ao cancro evoluem rapidamente e avançam em direções inesperadas, a Europa tem de reagir para manter a sua vantagem competitiva na inovação dos cuidados de saúde e salvar vidas. O vibrante ecossistema de startups europeias no domínio da oncologia é um foco de esperança no futuro, mas as empresas precisam de investimento e apoio para aumentar a escala das suas invenções", afirma.

Regressando às startups na área da oncologia. Na área de circunscrição da OEP, o Reino Unido lidera com 290, seguido da França com 246 e da Alemanha com 208. A Europa lidera no número de empresas em fase inicial de crescimento, mas é ultrapassada pelos Estados Unidos no que respeita as empresas em fase final de crescimento. Segundo os dados, cerca de 40% das startups americanas relacionadas com o cancro atingiram esta fase avançada, em comparação com apenas 24% na UE e menos de 27% noutros Estados-membros da OEP.

De referir que o continente europeu regista 25% dos casos globais de cancro e mais de 20% das mortes, apesar de ter menos de 10% da população mundial. "No entanto, os avanços tecnológicos têm vindo a melhorar as taxas de sobrevivência, com os sistemas de saúde europeus a destacarem-se pela excelência na prevenção do cancro e nos cuidados prestados aos doentes", destaca a OEP.