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PMI industriais da zona euro desiludem e recessão industrial "está para ficar"

O valor final do PMI para a indústria da zona euro foi confirmado em 42,7, com o número de novas encomendas e a produção industrial com a maior queda desde a crise financeira, excluindo o período pandémico. “Parece que a recessão industrial está para ficar na zona euro”, prevê economista chefe do HCOB.

Os dados definitivos dos índices de gestores de compras (PMI) para a zona euro revelam a quebra mais pronunciada da atividade industrial desde 2020, com o número de novas encomendas e a produção industrial com a maior queda desde a crise financeira, excluindo o período pandémico. São números preocupantes para a moeda única e, sobretudo, para o sector secundário, que vai sofrendo com a quebra da procura interna e global.

O valor final do PMI para a indústria da zona euro foi confirmado em 42,7, ou seja, no valor inicialmente avançado pela estimativa rápida. A nível nacional, a Alemanha manteve a leitura rápida inalterada, ou seja, julho revelou uma queda de 40,6 para 38,8, um resultado profundamente negativo; Espanha registou uma queda ligeira de 48,0 para 47,8, enquanto Itália e França viram revisões em alta marginais e insuficientes para tirar as perspectivas industriais de território de contração.

Nos casos alemão e francês, as leituras de julho são mínimos de 38 meses no subindicador industrial.

A HCOB, consultora responsável pelos dados divulgados esta terça-feira, destaca o abrandamento dos preços “ao nível mais rápido desde 2009”, após a crise financeira global, à medida que os custos intermédios caem e a procura afunda. De facto, “excluindo o período pandémico, as reduções de output e procura por bens da zona euro foram as mais expressivas desde a crise financeira”, lê-se na nota.

“Parece que a recessão industrial está para ficar na zona euro”, prevê Cyrus de la Rubia, economista chefe do HCOB, apontando ao ritmo de queda da produção, encomendas e compras. Por tudo isto, a economia da moeda única deve preparar-se para “uma segunda metade atribulada” do ano.

É esse mesmo o destaque da análise da Pantheon, que sublinha que “as anteriores pressões inflacionárias intensas tornaram-se agora claramente deflacionárias”, com “descontos nos preços de venda” para fazer face a encomendas decrescentes, reflexo de uma procura em queda.

Ao mesmo tempo, as empresas vão fazendo cada vez mais uso dos inventários acumulados recentemente, criando problemas a montante na cadeia de fornecimento. Por outro lado, o emprego no sector caiu pelo segundo mês consecutivo e as perspectivas de médio prazo não são as melhores.

“Não há forma de amenizar estes dados”, argumenta a Pantheon Macro, que vê dificuldades claras no horizonte do sector secundário europeu. Ainda assim, há uma nota positiva: “os elementos chave dos dados oficiais têm sido consistentemente melhores do que os PMI”.