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Pensar as sociedades de advogados num mundo em mudança

Um dos principais objetivos da ASAP – Associação das Sociedades de Advogados de Portugal sempre foi, desde a sua fundação, em 2002, pensar estrategicamente as sociedades de advogados, o seu papel na evolução da advocacia, debater os novos desafios e refletir sobre o futuro da profissão.

Temas tão candentes, como a introdução cada vez mais acelerada da inteligência artificial no mundo da advocacia, da procura e retenção de talento, criando os advogados do futuro, propiciar uma renovação de género e de competências nas sociedades de advogados, modernizar a gestão das sociedades e a advocacia, compreender os novos desafios que enfrentam as nossas congéneres estrangeiras, cada vez mais presentes também em Portugal, igualmente como um desafio às sociedades portuguesas de permanente acompanhamento das novas tendências.
Estes grandes temas, mas também os que continuam a ser prementes resolver, como o regime fiscal das sociedades de advogados, que impele as sociedades para um modelo, desvirtuando o princípio da neutralidade fiscal, ou o regime de previdência dos advogados, em discussão permanente, mas que urge ajudar a chegar ao século XXI.
A ASAP tem vindo a debater estes temas entre as Associadas, em Encontros Nacionais e Regionais, juntando Colegas e profissionais de outras áreas, falando com outras associações de advogados e com as entidades públicas relevantes, com os Tribunais e com a Assembleia da República e o Governo.


Mas sempre tivemos a ambição de conseguir chamar para junto de nós, para engrandecer o debate, Colegas que fizeram as sociedades de advogados que hoje conhecemos, desde os anos 60 do século passado, liderando um crescimento da advocacia societária, também em mercados estrangeiros, que deu origem à realidade de hoje, com dezenas de sociedades de advogados em Portugal, com enormes capacidades e valias, que em tudo ombreiam com as melhores de Espanha, Reino Unido ou Estados Unidos.
Conseguimos agora, finalmente, criar o Conselho Estratégico da ASAP, com cerca de 20 Colegas, Senadores da nossa profissão, por todos reconhecidos, pela sua competência e enorme experiência.
Começamos por convidar os nossos Colegas, Agostinho Pereira de Miranda, António Pinto Leite, Augusto Aguiar Branco, Benjamim Mendes, Carlos Aguiar, Carlos Cruz, Carlos Lucena, Daniel Proença de Carvalho, Fernando Campos Ferreira, Jorge de Abreu, João Nuno Azevedo Neves, José Miguel Júdice, Luís Sáragga Leal, Manuel Magalhães e Silva, Miguel Teixeira de Abreu, Pedro Rebelo de Sousa e Sérvulo Correia, que prontamente aceitaram a incumbência de nos ajudar a pensar melhor a advocacia.
A estes primeiros Colegas outros se juntarão a breve trecho, realizando-se um alargamento de género e de idade, que só irá, ainda mais, permitir um debate mais profícuo e diversificado.
O compromisso da ASAP é de manter permanentemente os grandes temas em debate, juntando todos nessa reflexão.
A partir de setembro próximo, iniciaremos debates com todas as Associadas, ouvindo as suas preocupações. Ainda, iremos realizar um debate com Jovens Advogados, para também perceber o que aflige as mais novas gerações e perceber como percecionam a advocacia em prática societária. Em outubro, dia 24, teremos o nosso Encontro Nacional, onde poderemos mostrar os resultados deste debate e da audição de todos.
Os atuais tempos e os futuros, os novos métodos de trabalho e as novas exigências e formas dos Clientes, põem diversas pressões sobre as sociedades de advogados, exigem novas formas de prestar os serviços de advocacia, pois tem de se estar permanentemente a evoluir e a acompanhar as necessidades dos clientes, que também evoluem e sempre mais rapidamente. Assim, as atuais sociedades de advogados têm de se saber adaptar aos novos tempos e às novas mentalidades, sabendo sempre atrair e reter os melhores talentos e saber propiciar uma relação adequada entre a profissão e a vida familiar.
Também, se tem de estar atento aos desafios da internacionalização. As sociedades de advogados portuguesas têm de saber aproveitar o enorme potencial lusófono para crescer, sabendo que para isso é urgente contratar em português e sob um modelo lusófono, criando tribunais arbitrais em língua portuguesa.


Os desafios tecnológicos são talvez os que mais pesam nos orçamentos das sociedades. O futuro vai exigir cada vez maior investimento em informatização e em novas ferramentas tecnológicas que facilitem o trabalho mais rotineiro e nos coloquem ao nível das congéneres internacionais e das exigências dos clientes.
Finalmente, temos vários desafios importados de regulamentação europeia. Falamos da multidisciplinariedade. Falamos especialmente das medidas que têm vindo a ser impostas para combate ao branqueamento de capitais e ao terrorismo, impondo ao advogado que denuncie o seu cliente, sob pena de sanções aplicadas também ao advogado, pondo em causa a confidencialidade essencial da relação de confiança que deve existir entre o advogado e o seu cliente. Pior, pondo em causa o próprio Estado de Direito e a Justiça!
O setor da advocacia encontra-se num período de profunda transmutação, com desafios acrescidos para os modelos de negócios das sociedades presentes no mercado face ao crescente desenvolvimento das sociedades multidisciplinares, a necessidade de fortes investimentos em tecnologia e a necessidade de estabelecer redes globais para acesso às maiores transações.
Entre mudanças endógenas, com a transformação regulatória da organização do próprio setor, e mudanças exógenas, como o avanço tecnológico, as modificações na exigência dos clientes e a própria reconfiguração global dos serviços jurídicos, há muito para refletir e pensar estrategicamente. O Conselho Estratégico da ASAP foi criado para ajudar a fazê-lo.