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Paulo Macedo: "Comissões cobradas por alguns fundos de reestruturação são imorais"

O CEO da Caixa admite recorrer a várias vias para resolver o diferendo com algumas das gestoras dos fundos de reestruturação, sem nunca nomear a Explorer. Paulo Macedo admite o uso do voto em Conselho de Administração, "ou mesmo a via judicial, quando ela for possível". O banco registou um lucro histórico e administração explica porquê.

"Estamos bastante desconfortáveis com as comissões que alguns fundos de reestruturação cobram aos bancos designadamente pela não venda de ativos, e isso é público" disse Paulo Macedo na conferência de imprensa em que reportou lucros de 608 milhões de euros no primeiro semestre, o que traduz uma subida de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

O CEO da Caixa Geral de Depósitos deixou cair que admite recorrer a várias vias para resolver o diferendo com algumas das gestoras dos fundos de reestruturação, sem nunca nomear a Explorer. Paulo Macedo admite o uso do voto em Conselho de Administração, "ou mesmo a via judicial, quando ela for possível".

"Claramente estamos descontentes. Achamos que é imoral", rematou.

Paulo Macedo respondia à questão do chumbo das contas anuais do Discovery Portugal Real Estate Fund, o fundo de reestruturação gerido pela Explorer.

Tal como noticiado pelo Jornal Económico em edição anterior, a maioria dos bancos que detém unidades de participação no Discovery Portugal Real Estate Fund chumbou as contas anuais. A Caixa foi um dos bancos que chumbou as contas de 2022 do fundo que tem unidades hoteleiras e de turismo e que é gerido pela Explorer.

Em causa está um diferendo entre os bancos, nomeadamente o BCP e Caixa Geral de Depósitos, e a Explorer ao nível da comissão de performance cobrada pela Explorer.

O montante em fundos de reestruturação da CGD totaliza 197 milhões de euros em Junho, segundo a apresentação de contas. Um valor que compara com 205 milhões no fim de 2022 e 440 milhões em 2021. "O objetivo é reduzir a exposição, mas as vendas têm de ser feita na altura própria", disse o presidente da Caixa.

O CEO da CGD lembrou que os bancos continuam a ter orientações "sobre o tempo que os imóveis devem estar no balanço". Orientações essas que são ditadas para todos os bancos pelo BCE. "Temos de fazer isso [reduzir exposição aos imóveis desses fundos] sem ser através de fire sale".

Recorde-se que o fundo americano Davidson Kempner (DK) comprou conjunto de ativos turísticos aos bancos (incluindo a CGD), o que incluía 17 hotéis de luxo, naquele que foi o maior negócio imobiliário do ano passado realizado por cerca de 800 milhões de euros e que era gerido pela ECS Capital.

Uma operação fechada no ano passado e notificada recentemente à Autoridade da Concorrência (AdC) pela DK Partners.

Na mesma conferência de imprensa o presidente da CGD admitiu que o banco está nas negociações em curso com a Parpública e com o promitente comprador, o fundo Mutares, por causa da dívida da banca à Efacec. Mas diz que "não fala sobre as negociações em curso".

Sobre a venda do Banco Comercial do Atlântico, o maior de Cabo Verde, disse O CEO da CGD que "existem alguns interessados" e que espera a autorização do Governo para continuar com o processo de venda.

O processo está na fase da entrega das propostas vinculativas.