O ouro continua a valorizar, como tem acontecido nos últimos anos, em particular desde 2019, de tal modo que atingiu novos máximos durante esta terça-feira. Na origem está o aumento da procura existente, nomeadamente por parte dos bancos centrais, que têm dado conta de aumentos nas reservas que detêm.
Olhado como ativo de refúgio, o ouro valoriza, por norma, em períodos de elevada inflação ou incerteza económica. Ora, algumas das maiores economias do mundo passam por sérias dificuldades e, neste contexto, são muitos os investidores que se mobilizam para o investimento em ouro.
Com o ouro em alta, "o denominador comum nesta subida tem sido, desde o início do ano, o maior interesse por parte dos bancos centrais na acumulação de ouro nas suas reservas", de acordo com Filipe Garcia, presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros.
O próprio explica que, mesmo com alguns períodos de estagnação ou correção, "olhando para o que interessa, que é a tendência de longo prazo, é um gráfico que só sobe", assinala. Em causa está o aumento da procura nos mercados, em grande parte associada ao ganho de 'reputação' daquele minério.
"Há um ano e meio, eram poucas as casas ou gestores de património que falavam em investimentos em ouro", recorda, por oposição ao momento atual. "Nos últimos seis meses, quando nós olhamos para as recomendações de investimento, o ouro já aparece", reitera. Uma situação que gera uma subida da procura e, por consequência, do preço nas negociações, refere Filipe Garcia.
Simultaneamente, o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, salienta também o peso que os bancos centrais têm na valorização do ouro, mas salienta um caso específico.
De acordo com o economista, trata-se principalmente do Banco Popular da China, instituição que investiu de forma agressiva na compra daquele minério em 2023 e no primeiro semestre de 2024.
Ao mesmo tempo, o acréscimo que se observa na procura por ouro "reflete receios de recessão", que já vêm de trás. Mais recentemente, o comportamento dos investidores está ligado ao corte nos juros, diz o próprio, antes de olhar aos comportamentos das economias.
A confiança dos consumidores norte-americanos recuou para 98,7 em setembro (após 105,6 em agosto) e o clima económico recuou na Alemanha pelo quarto mês consecutivo, até aos 85,4 em setembro. No entender de Paulo Rosa, será importante perceber se “estes dados de sentimento se materializam nos dados de mercado de trabalho e do PIB”, entre outros, o que levaria ao aumento dos receios de uma eventual recessão económica em 2025.