O apelido de Michel – Eltchaninoff – não esconde a origem. Os seus avós, maternos e paternos, saíram da Rússia depois da revolução, por volta de 1920. Um deles era padre ortodoxo, o outro oficial do Exército Branco [que combateu as tropas bolcheviques durante a Guerra Civil de 1917-1921]. Emigraram para a Europa Ocidental e fixaram-se em França. Os pais de Michel são ambos de origem russa e, em criança, aprendeu a falar russo antes de saber falar francês. Em casa, o pai recitava Púchkin, lia-se Dostoievski, Gogol, Tchékhov… A Rússia de Michel era feita de cultura clássica. Com 20 anos, deixou Paris e foi viver para Moscovo (1990-92). Assistiu à queda da União Soviética e, depois, quando regressou em trabalho, em 2003 e 2004, viu o putinismo tornar-se uma ideologia. Escolheu a filosofia como área de estudo e especializou-se em história do pensamento russo. E é com estes instrumentos que reflete sobre o mundo em que vivemos.
Os russos são muito bons a criar ficção literária
Michel Eltchaninoff é um dos convidados da 1ª edição do Festival Espanto, que terá lugar em junho, em Cascais. Doutorado em filosofia, o editor-chefe da revista “Philosophie” partilha com o JE a sua interpretação de dois ‘ismos’ que comandam o mundo: trumpismo e putinismo.
