No estudo “Chief Legal Officer Strategy Survey”, da sociedade de advogados Deloitte Legal, foram entrevistados 450 executivos responsáveis pelo departamento de diversas organizações sediadas na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália para compreender melhor as responsabilidades, funções e desafios atuais destes especialistas. “Os Chief Legal Officers (CLO) desempenham atualmente funções que vão muito além da prestação de assessoria jurídica, sendo considerados como key trustful advisors de diversos stakeholders dentro da própria organização, e, em particular, junto da liderança e management, atuando como “visionários estratégicos”. O CLO tem vindo cada vez mais a exercer funções estratégicas e de apoio ao management, perante os desafios do negócio e a complexidade do quadro legal e regulatório e de compliance, desempenhando um papel fundamental nas decisões estratégias de negócio e na liderança dos projetos de transformação organizacional, incluindo na transformação com GenAI”, diz Sofia Carvalhosa, Sócia Coordenadora da Deloitte Legal, ao Jornal Económico.
Para além de ser responsável por áreas como compliance e risco, ética, cibersegurança e ESG/sustentabilidade, é no papel de consultor estratégico que o CLO tem vindo a ganhar “cada vez mais importância, assumindo uma crescente influência e relevante proximidade junto da gestão e liderança das empresas, sendo um elemento fundamental no apoio à gestão da organização e nas decisões estratégicas, aportando com o seu conhecimento regulatório, de compliance e de risco associado ao conhecimento de negócio, uma orientação para a equipa de gestão nas decisões estratégicas da organização”.
Na edição deste ano do estudo levado a cabo pela Deloitte Legal, 93% dos CLO acreditam que GenAI tem o potencial de agregar valor às suas organizações nos próximos 12 meses. Nas organizações europeias que já desenvolvem ativamente projetos de GenAI, estes focam-se principalmente em áreas de tecnologia (46%), operações (44%) e legal/compliance risk (42%). Na utilização de GenAI, os principais benefícios que as empresas esperam obter são a aceleração da inovação e a eficiência dos processos,
Já 82% dos CLO referem que o volume de trabalho na função jurídica aumentou nos últimos 12 meses, sendo esse valor superior na Europa face à Austrália e Canadá. Adicionalmente, 80% dos CLO esperam que o orçamento da função jurídica cresça no próximo ano fiscal. Para isto, 34% dos inquiridos na Europa esperam que o seu budget aumente significativamente – bastante acima do que acontece nos Estados Unidos (12%), Canada (23%) e Austrália (12%).
“Há sem dúvida um reconhecimento generalizado de que GenAI tem potencial para impulsionar uma mudança genuína e sustentável na forma como os serviços jurídicos são prestados, pelo potencial de benefícios que a adoção de GenAI na prestação de serviços pelos departamentos jurídicos poderá proporcionar essencialmente a nível da (i) eficiência e ganhos de produtividade; (ii) melhor experiência para a equipa jurídica, permitindo aos seus colaboradores concentrarem-se mais no trabalho estratégico, complexo e interessante, libertando-os de tarefas de execução mais rotineiras e simples; e (iii) competências na medida que oferece a oportunidades para melhorar a forma de prestar os serviços jurídicos, elevando a qualidade do trabalho ou permitindo que o departamento jurídico se foque em soluções inovadoras e novas oportunidades e insights para o negócio”, afirma Sofia Carvalhosa, Sócia Coordenadora da Deloitte Legal, ao Jornal Económico.
O estudo revela também que os CLO de todas as geografias destacaram como áreas prioritárias para o próximo ano, a cibersegurança, temas de privacy e ainda de compliance. “A aposta e prioridade na transformação dos departamentos jurídicos ira potenciar por um lado os benefícios decorrentes da experiência na adoção de tecnologia com recurso a GenAI na prestação dos serviços jurídicos, promovendo novas soluções, mas permitirá ainda que com esta experiência os CLO sejam os verdadeiros “guardiões” da adoção do GenAI por outros departamentos da organização, sendo elementos fundamentais na definição e monitorização das regras de governance e medidas necessárias que devem pautar a adoção e utilização de GenAI, para assegurar que este tipo de tecnologia seja utilizado de forma segura, transparente e ética pela organização”, conclui Sofia Carvalhosa.