As novas tecnologias estão a revolucionar a advocacia, trazendo todo um novo mundo de desafios e oportunidades. Qual será o impacto da revolução digital no sistema de Justiça e na forma como os advogados trabalham? Que novas profissões jurídicas irão surgir? E quais as vantagens para os cidadãos e para as empresas? Estas são algumas das questões abordadas no episódio do Falar Direito que será transmitido na próxima segunda-feira, 6 de dezembro, com a participação do advogado Nuno da Silva Vieira, sócio da Antas da Cunha Ecija.
“Devemos começar por tentar distinguir aquilo que é a digitalização daquilo que é a própria advocacia. Porque quando falamos de digitalização não falamos de preservação digital. E porque é que digo isto? Hoje em dia entende-se como digitalização o simples ato de transformar processos analógicos em processos digitais”, afirmou o advogado, que é também coordenador executivo do programa de Blockchain e Smart Contracts da Universidade Nova de Lisboa.
“Mas esse não é o mote para a transformação digital. Não é o mote, porque há muitas entidades, muitas empresas que entendem a preservação digital como sendo, ela própria, a transformação digital. Um exemplo: eu posso, há 20 anos, ter transformado digitalmente a minha empresa usando disquetes, mas estes mecanismos de protecção da informação estão completamente obsoletos. Portanto, se não transformar a minha empresa em algo dinâmico eu simplesmente vou preservando informação, mas não vou transformando essa informação. É apenas uma substituição dos suportes que são utilizados para guardar informação e não uma verdadeira mudança estratégica da nova organização”, acrescentou.
Para Nuno Vieira, a advocacia hoje “não é aquela profissão que começou lá atrás”, mas algo que evoluiu com o tempo, em função das mudanças que ocorrem na sociedade.
“Se nós entendermos a profissão também como algo dinâmico –e que tem que acompanhar a sociedade –então estamos no caminho certo. Se olharmos para a profissão como algo conservador, é [apenas] uma bela moldura que colocamos na nossa sala”, afirmou, salientando que o fundamental deve ser ir ao encontro das necessidades dos clientes.
“A tecnologia é essencial para que os advogados possam prestar um melhor serviço aos seus clientes. Deve ser essa a preocupação enão, necessariamente, conservar velhas formas de fazer as coisas. Temos que ver onde estão os clientes. Nós temos que acompanhar esse percurso e temos que ir atrás dos clientes que estão no mundo virtual, (...) nos metaversos que estão a ser criados por empresas como o Facebook. Temos que encontrar soluções para estarmos com eles, ao lado deles no mundo virtual”, defendeu.