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ONU reunirá de emergência para debater ódio religioso

Não é propriamente um tema novo, mas as Nações Unidas querem saber o que patrocina a persistência dos sinais cada vez mais preocupantes de intolerância religiosa. Tem muito que debater: para além da Suécia, a França e Israel são a evidência de como é urgente de voltar ao tema.

O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas está a preparar uma reunião urgente sobre as inúmeras evidências de que o ódio religioso, está a alastrar em vários lugares do planeta – e a incineração de um exemplar do Alcorão do lado de fora de uma mesquita na Suécia, é apenas um exemplo de muitos.

Segundo as agências internacionais, a reunião sucede a pedido do Paquistão – um país que de modo grosseiro pode dizer-se que foi tornado independente em 1947 para acomodar os muçulmanos que viviam na Índia. Numa ótica alargada, o que se passou nos últimos dias em algumas cidades francesas e o que continua a passar-se na Cisjordânia inscreve-se no mesmo registo e a ONU quer saber porquê.

O debate ocorrerá ainda esta semana, disse um porta-voz do conselho da ONU, com sede em Genebra, segundo avançam as agências de notícias internacionais.

Para além da questão da entrada da Suécia na NATO – que sofreu mais um impacto depois da incineração do Alcorão em Estocolmo – várias outras consequências políticas estão a resultar do recente aumento da violência religiosa.

Depois de o presidente da Turquia, Recep Erdogan, ter comentado os recentes acontecimentos em França, as relações entre os dois países voltaram ao mau momento que se verificou em outubro de 2020, quando a França entendeu encerrar algumas organizações ligadas à Turquia por as considerar instigadoras de violência social. Na altura, o desentendimento chegou ao ponto de o governo de Erdogan ter aconselhado os seus cidadãos a boicotarem todos os produtos que fossem importados de França.

Israel em fogo

Em Israel, os atos de vingança marcaram mais um dia de desentendimentos entre muçulmanos e judeus. Depois da investida do dia anterior das tropas israelitas sobre Jenin – considerada a ação mais violenta na região nas últimas duas décadas – esta terça-feira ficou marcada por uma série de acontecimentos descritos como ‘de vingança’.

Pelo menos sete pessoas ficaram feridas num ataque com atropelamento e armas brancas em Tel Aviv, capital de Israel, naquele que foi o segundo dia da ofensiva militar israelita em Jeni. A polícia israelita disse que recebeu uma denúncia sobre "um carro que atacou vários civis" no norte de Tel Aviv e que o suspeito "foi neutralizado" (morto a tiro).

O Hamas, grupo palestiniano que administra a Faixa de Gaza, elogiou o ataque e considerou-o uma "operação heroica" e uma "resposta inicial aos crimes da ocupação contra o nosso povo no campo de refugiados de Jenin". “Esta é uma ação do que a resistência palestiniana confirmou – que a ocupação pagará o preço pelos seus crimes", disse Hazem Qasem, porta-voz do grupo, em comunicado. Em um comunicado posterior, o Hamas disse que o ataque foi realizado por Hussein Khalaylah, a quem identificou como um de seus membros.