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ONU denuncia alegações "credíveis" de maus-tratos a palestinianos e principalmente palestinianas

Ataques, espancamentos, abusos sexuais e assassínios fazem parte da extensa lista de crimes que estarão a ser alegadamente levados a cabo pelo exército israelita. Entretanto, avizinha-se mais uma guerra de resoluções na ONU.

Peritos da ONU manifestaram preocupação com alegações de violações flagrantes dos direitos humanos a que mulheres e raparigas palestinianas continuam a ser sujeitas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. As alegações, que a organização reputa de “credíveis”, revelam que “mulheres e meninas palestinianas teriam sido executadas arbitrariamente em Gaza, muitas vezes juntamente com familiares, incluindo seus filhos. "Estamos chocados com relatos de ataques deliberados e assassinatos extrajudiciais de mulheres e crianças palestinianas em lugares onde procuram refúgio ou durante a fuga, disseram os especialistas, citados em comunicado com a chancela da ONU.

Os peritos manifestaram séria preocupação com a detenção arbitrária de centenas de mulheres e raparigas palestinianas, incluindo defensores dos direitos humanos, jornalistas e trabalhadores humanitários, em Gaza e na Cisjordânia desde 7 de outubro. Muitas teriam sido submetidas a tratamentos desumanos e degradantes.

"Estamos particularmente angustiados com relatos de que mulheres e meninas palestinianas detidas foram submetidas a várias formas de agressão sexual, como serem despidas e revistadas por oficiais do exército israelita do sexo masculino”, disseram.

A ONU expressa preocupação com o facto de um número desconhecido de mulheres e crianças palestinianas terem desaparecido após contato com o exército israelita em Gaza. "Há relatos perturbadores de pelo menos uma criança do sexo feminino transferida à força pelo exército israelita para Israel e de crianças a serem separadas dos pais", disseram.

Os responsáveis da organização pedem uma investigação independente, imparcial, rápida, completa e eficaz sobre as alegações e insistem que Israel coopere com essas investigações.

Entretanto, o enviado palestiniano às Nações Unidas, Riyad Mansour, considerou o veto de Washington à resolução do Conselho de Segurança que exigia um cessar-fogo em Gaza como "absolutamente imprudente e perigoso". "A mensagem dada a Israel com este veto é que pode continuar a escapar impune aos assassinatos", disse Mansour numa declaração ao Conselho de Segurança.

Como se esperava, os Estados Unidos vetaram esta terça-feira o projeto de resolução apresentado no Conselho de Segurança da ONU pela Argélia, que exigia "um cessar-fogo humanitário imediato que deve ser respeitado por todas as partes”. Apesar disso, nos bastidores, Washington negoceia uma resolução que propõe um cessar-fogo temporário “assim que possível” e alerta Israel contra a invasão da cidade de Rafah, no sul de Gaza, para onde milhões de pessoas fugiram, de acordo com uma cópia do rascunho obtido pelo jornal “The New York Times”.

Segue-se, portanto, uma espécie de ‘guerra de resoluções’ – que já aconteceu antes relativamente à questão de Gaza – que não só impede a organização de tomar uma posição eficaz face à guerra, como leva os analistas a alertarem, mais uma vez, para a impossibilidade de a ONU ser uma das partes associadas a uma solução.

Por outro lado, a comunidade internacional continua à espera do que vai passar-se na região de Rafah. Nessa frente, tudo na mesma: a comunidade internacional exige que Israel não avance com o ataque, e o governo israelita liderado por Benjamin Netanyahu afirma que nada nem nenhuma pressão impedirá a realização desse ataque – considerado essencial para acabar com o Hamas.

Todos os países da União Europeia exceto a Hungria alertaram Israel contra o lançamento da ofensiva em Rafah que, segundo afirmam, aprofundaria a catástrofe de cerca de 1,5 milhões de palestinianos amontoados na cidade no extremo sul de Gaza.

"Um ataque a Rafah seria absolutamente catastrófico (...) seria inconcebível", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda, Micheal Martin, antes de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 Estados-membros da UE em Bruxelas.

Após o fim das negociações, todos, exceto um, pediram em um comunicado conjunto "uma pausa humanitária imediata que levaria a um cessar-fogo duradouro, à libertação incondicional de todos os reféns e à prestação de assistência humanitária".