O regulador financeiro de Macau disse que uma nova ligação ao mercado de títulos de dívida de Hong Kong pode ajudar a região a disponibilizar serviços financeiros entre a China e os países lusófonos.
A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês) anunciaram na segunda-feira o estabelecimento de uma ligação direta entre os mercados de títulos de dívida das duas regiões semiautónomas chinesas.
De acordo com um comunicado conjunto, os investidores de Hong Kong poderão proceder à entrega e à liquidação, bem como deter obrigações na central de depósito de valores mobiliários de Macau.
Ao abrigo deste esquema, os investidores de Macau poderão, de igual modo, proceder à entrega e à liquidação, bem como deter obrigações na central de depósito de valores mobiliários de Hong Kong, a Central Moneymarkets Unit.
No comunicado, o presidente da AMCM, Benjamin Chan Sau San, disse que a ligação irá permitir “consolidar a função de Macau enquanto plataforma de serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.
Benjamin Chan sublinhou “as relações históricas” estabelecidas entre Macau e os estados lusófonos e a meta que o Governo Central estabeleceu para a região: ser uma “ponte de ligação entre a China” os mercados de língua portuguesa.
A central de depósito de valores mobiliários de Macau, detida pela AMCM, foi inaugurada em dezembro de 2021.
Na altura o presidente e CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU), Carlos Cid Alvares, disse à Lusa ter a “ambição de ligar este mercado aos Países de Língua Portuguesa”.
Em janeiro passado, Benjamin Chan disse que títulos de dívida no valor de quase 95 mil milhões de patacas (10,6 mil milhões de euros) tinham sido emitidos em Macau no espaço de dois anos.
Mais de 100 instituições já se registaram junto da central de depósito, incluindo 67 oriundas do exterior e da China, acrescentou o regulador.
Chan destacou as três emissões de dívida por parte do Governo Central chinês e outras tantas efetuadas pelas autoridades da vizinha província de Guangdong.
O Governo de Macau tem defendido uma aposta no setor financeiro para diversificar a economia, muito dependente dos casinos, mas não tem ainda data para a criação de uma bolsa de valores ‘offshore’, denominada em renmimbi.
As autoridades têm ligado a possível criação de uma bolsa ao papel que Macau tem assumido enquanto plataforma de serviços comerciais e financeiros entre a China e os países de língua portuguesa.
Em maio de 2019, Portugal tornou-se o primeiro país da zona euro a emitir dívida na moeda chinesa, no valor de dois milhões de renminbi (253,4 milhões de euros).