A 'joia da coroa' da japonesa Fujifilm é a imagem. Basta um click no Google para perceber que a marca ainda é associada às câmaras fotográficas ou polaroid Instax. No entanto, o negócio da fotografia está cada vez mais a evoluir da tecnologia de consumo para a hospitalar. Só em Portugal a área de sistemas médicos vale 25 milhões euros, revelou fonte oficial da empresa ao Jornal Económico (JE).
“Temos registado uma evolução e crescimento constante e equilibrado, no nível de dois dígitos percentuais anualmente, algo que se prevê também para o próximo ano fiscal”, antecipou a subsidiária, liderada por Pedro Mesquita, que abrange também Cabo Verde e Angola.
A Fujifilm reconhece “as dificuldades” do sistema de saúde nacional, mas considera que o país tem “uma comunidade clínica muito interessada na evolução tecnológica e que a acompanha ferozmente”. “Temos notado nos últimos anos uma crescente preocupação com a introdução de novos equipamentos e tecnologia no seu portefólio”, garante a empresa, crente de que isso gera melhorias nos diagnósticos e, consequentemente, impacto na prevenção de doenças e no bem-estar da população.
Há cerca de duas semanas, a Fujifilm apresentou um novo equipamento de mamografia (“Amulet Sophinity”) durante o Congresso Europeu de Radiologia, que terminou a 3 de março, em Viena, na Áustria. A nova tecnologia para deteção de cancro da mama utiliza Inteligência Artificial para analisar o posicionamento da(o) doente durante o exame e identificar qualquer tipo de desvio, por exemplo. Trata-se de um sistema que obtém mais imagens de tomossíntese (duplo ângulo) do que a edição anterior para mostrar melhor as microcalcificações.
Questionada sobre a adesão ao novo equipamento, a empresa recusou comentar as parcerias para o instalar, que se encontram em negociações, por ainda não estarem concluídas, embora garanta que, apesar de ter sido apresentado há pouco tempo, teve “bastante interesse junto da comunidade médica”. Os próximos tempos dirão se o interesse se reflete em novos contratos.
Preços sobem esta segunda-feira
A partir desta segunda-feira, ter equipamentos da Fujifilm vai sair significativamente mais caro. Os valores de equipamentos de hardware, consumíveis e determinados serviços sobem a dois dígitos (o custo exato depende da gama de produtos) devido ao contexto macroeconómico europeu.
A multinacional especializada em imagem culpa a subida “sem precedentes” dos custos com mão-de-obra, das taxas de transporte e armazenamento e dos preços da energia no Velho Continente, que “continua a ser afetado por influências geopolíticas e desafios inflacionistas”.
“Não obstante todos os nossos esforços no sentido de absorver o impacto destes aumentos, já não conseguimos evitar o aumento dos preços de muitos dos nossos produtos e serviço”., admitiu o vice-presidente sénior de Comunicações Gráficas da Fujifilm Europa. “Continuamos empenhados em fornecer produtos e serviços de alta qualidade e continuaremos a trabalhar para atenuar quaisquer impactos adicionais nos custos”, ressalvou Taku Ueno.
Em Portugal, a Fujifilm tem sede em Vila Nova de Gaia desde 1967 e três áreas de negócio: imagem (câmaras fotográficas, objetivas e lentes…), comunicação gráfica (impressoras de grande dimensão, software de gestão…) e cuidados de saúde (sistemas de TAC, ressonância magnética, raios-X, endoscopia, ecografia, fertilização in vitro…).