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Moçambique continua a enfrentar tumultos, três dias depois da confirmação dos resultados eleitorais

Pelo menos 56 pessoas morreram em Moçambique desde segunda-feira, 23 de dezembro, na sequência da contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas, e 152 foram baleadas.

Moçambique enfrenta há três dias tumultos por todo o país, depois de confirmada a vitória de Daniel Chapo e da Frelimo - Frente de Libertação de Moçambique nas eleições gerais de 9 de outubro, ainda que com números inferiores ao inicialmente anunciado.

Pelo menos 56 pessoas morreram em Moçambique desde segunda-feira, 23 de dezembro, na sequência da contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas, e 152 foram baleadas, segundo o balanço feito esta quarta-feira pela plataforma eleitoral Decide.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado Frelimo, como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi. A Frelimo venceu, também, as eleições legislativas, mantendo a maioria absoluta, com 171 dos 250 deputados.

Venâncio Mondlane foi o segundo candidato mais votado, com 24,19% dos votos, e o seu Podemos tornou-se a segunda maior força política na Assembleia da República, com 43 mandatos, ultrapassando a Renamo, que só elegeu 28 deputados. O seu líder, Ossufo Momade, foi também candidato à presidência, recolhendo 6,62% dos votos.

A presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, reconheceu que houve irregularidades no processo eleitoral, mas garantiu que “não influenciaram” o resultado final das eleições.

Venâncio Mondlane tinha rejeitado os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), convocando manifestações e paralisações que levaram a confrontos com a polícia. Até dia 22 de dezembro, terão sido mortas 130 pessoas e quase 400 terão sido baleadas, segundo a Decide.

Mondlane e o Podemos voltaram, agora, a rejeitar os resultados anunciados pelo Conselho Constitucional.

Mais uma vez, os tumultos sucederam-se, incluindo pilhagens e, esta quarta-feira, uma rebelião na Cadeia Central de Maputo, de máxima segurança, levou à fuga de, pelo menos, 1.534 reclusos.

O comandante-geral da polícia afirmou tratar-se de uma ação “premeditada” e da responsabilidade de manifestantes pós-eleitorais. “Esperamos nas próximas 48 horas uma subida vertiginosa de todo o tipo de criminalidade na cidade de Maputo”, afirmou Bernardino Rafael, em conferência de imprensa ao início da noite, garantindo que entre os reclusos em fuga, dos quais apenas 150 foram recapturados, estavam alguns “terroristas altamente perigosos”.