O estudo “Look Back at M&A in 2024: Dealmakers Adapt as the Market Idles”, que a Bain & Company publicou recentemente revela que em Portugal, até ao final de novembro, o valor das operações foi de cerca de 1,91 mil milhões e foram registadas 90 operações, o que traduz uma descida homóloga, respetivamente, de 46% e 28%.
O valor operações de M&A que partiram de empresas portuguesas com target em empresas de outras geografias situou-se perto dos 950 milhões de euros, o que significa uma descida de 50% face aos primeiros 11 meses de 2023.
As fusões e aquisições (M&A) são de três tipos: as nacionais, as outbound e inbound cross-border. As fusões e aquisições inbound proporcionam uma entrada de fundos estrangeiros na economia, enquanto as fusões e aquisições outbound envolvem a saída de fundos nacionais.
Álvaro Pires, partner da Bain & Company, revela que “os sectores com maior preponderância nos negócios inbound – manufatura e serviços avançados – e outbound – energia e recursos naturais, recuaram ambos perto de 50%”.
Duas das maiores operações nos primeiros onze meses do ano, foram a aquisição pela First Sentier Investors (grupo Finerge) da Auto Estradas do Douro Litoral (AEDL), acima dos 400 milhões de euros, no terceiro trimestre, e a aquisição pela Amadeus IT Group da Vision-Box por cerca 320 milhões de euros, no primeiro trimestre do ano.
Já fora do horizonte do estudo da Bain &Company destaca-se a aquisição pelos CTT da espanhola Cacesa por 104 milhões de euros, anunciada este mês. Os CTT financiarão a operação com dívida através de compromissos já acordados com um conjunto de bancos. Ficando o rácio de alavancagem pró-forma, com o Banco CTT consolidado pelo método de equivalência patrimonial, a situar-se abaixo de 2,5x no fecho da transação
Fusões e aquisições atingem os 3,3 biliões de euros em 2024
A queda em Portugal contrasta com o mercado global que registou um aumento.
O estudo da Bain conclui que o mercado global de fusões e aquisições (M&A) deverá atingir os 3,5 biliões de dólares (3,3 biliões de euros) até ao fim de 2024, um aumento de 15% face a 2023 e um valor em linha com os níveis do meio da década de 2010. O volume de transações subiu 7%, revertendo a tendência de descida dos últimos dois anos.
A consultora salienta que o ano foi marcado por uma adaptação cuidadosa, com os players a ajustarem-se às novas realidades das taxas de juro mais altas e ao intenso escrutínio regulatório.
As tendências variaram de acordo com as áreas das operações. Com as taxas de juro a descer ligeiramente, o private equity e o capital de risco recuperaram terreno, tendo o valor das transações de private equity subido 29% e o capital de risco 30% em relação ao ano anterior.
Já o corporate M&A, que é menos influenciado por pequenos movimentos no custo da dívida, está a caminho de terminar o ano 12% acima de 2023, com crescimento constante em todas as regiões.
A contribuir para esse crescimento está a atividade nas áreas da energia e recursos naturais, indústrias e serviços financeiros, bem como um crescimento expressivo no retalho e telecomunicações. Por seu lado, a tecnologia e as ciências da vida e saúde, típicos pilares de M&A, permanecem bem abaixo dos níveis históricos, revela a Bain.
O estudo da Bain identifica ainda um aumento dos players que participaram em operações de M&A com recurso à Inteligência Artificial generativa durante o ano, reportando que o uso desta tecnologia permite poupar esforço, tempo e custos.
A pesquisa da Bain dá nota que um em cada cinco profissionais de M&A usou IA generativa para atividades de M&A este ano (acima dos 16% em 2023). Outros 16% tencionam usá-la nos próximos doze meses.
Por outro lado, a Bain & Company está muito atenta ao impacto da Inteligência Artificial nas suas várias áreas de prática e, “no que diz respeito às operações de M&A, notámos um aumento do recurso à IA generativa e o reconhecimento das suas mais-valias por quem a usou. Essa tendência irá continuar em 2025”, acrescenta.