A Lorca, grupo espanhol que detém a Nowo, teve que indemnizar a Media Capital por ter colocado um travão nas negociações. Através de comunicado enviado à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) esta quarta-feira, o grupo liderado por Mário Ferreira confirma a notícia e avança com o valor.
No documento, a Media Capital esclarece que "pelo exercício do direito dos acionistas da Nowo em pôr fim às negociações mantidas nas últimas semanas com vista à sua potencial aquisição, a Media Capital recebeu, nesta data, o valor de 10.000.000 euro [10 milhões de euros]”.
A quantia advém de uma cláusula de exclusividade negociada pelas duas empresas quando ainda tentavam chegar a acordo. A notícia surge depois da Media Capital, no dia de ontem, terça-feira, ter confirmado um volte-face nas negociações, também através de comunicado enviado à CMVM.
Instada a prestar esclarecimentos ao mercado, a Media Capital revela que "manteve conversações, nas últimas semanas, com vista à potencial aquisição da Nowo Communications não tendo sido possível alcançar um acordo com a proprietária dessa entidade".
As negociações não chegaram a bom porto, mas a empresa, no mesmo documento, "reconhece como legítimo o direito dos acionistas da Nowo em pôr fim às negociações mantidas entre as duas entidades" e assegura que "permanecerá atenta a oportunidades que surjam para integração da produção audiovisual com a distribuição de conteúdos, na convicção de que as transferências graduais das audiências para as plataformas de “streaming” e das receitas publicitárias para as tecnológicas globais, irão requerer maior capacidade de inovação e de coordenação entre os vários elementos da cadeia de valor".
Recorde-se que a notícia tinha sido confirmada pelo Jornal Económico (JE), a 1 de agosto, junto de fonte próxima ao processo.
Esta notícia tinha sido inicialmente avançada pelo "Eco", segundo o qual a Lorca Jvco, acionista espanhol da empresa portuguesa de telecomunicações, denunciou o contrato na véspera da sua efetivação.
O grupo espanhol optou por fazer negócio com os romenos da Digi e por isso registou-se essa rutura nas negociações com a Media Capital.
A intenção de compra pela Media Capital foi dada a conhecer no dia 22 de julho, no rescaldo do anúncio da decisão definitiva de rejeição da compra da Nowo pela Vodafone.
De acordo com a Autoridade da Concorrência (AdC), que já em março tinha chumbado o negócio, "a operação de concentração é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva nos mercados relevantes identificados, prejudicando os consumidores".