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Mbappé, PSG e o Al Hilal. Quando os milhões só não trazem felicidade

No papel, seria o maior negócio da história do futebol mundial, avaliado em mil milhões de euros. Na prática, é como se fosse uma cena de filme de 'cowboys' para ver quem dispara primeiro. E há dois portugueses no enredo.

Há um ano, tudo era um mar de rosas na relação entre o PSG e Kylian Mbappé. O contrato de um dos melhores futebolistas do mundo estava a terminar e em Madrid, os "merengues" do Real já aprendiam a pronunciar o apelido do extremo francês mas quando nada o fazia prever, uma reviravolta de última hora deixou os adeptos boquiabertos: aquela que é a mais frágil das 'Big5' (assim é apelidado o grupo das Ligas mais fortes da Europa), iria conseguir o milagre de manter a sua maior estrela a seguir a Lionel Messi.

Assim, Kylian surpreendeu tudo e todos e renovou contrato com os parisienses, uma decisão que originou uma discussão em praça pública entre dirigentes do futebol espanhol e francês. Salário de 50 milhões de euros por ano e prémio de assinatura de 100 milhões de euros. E quando todos falavam dos milhões de euros e ficavam surpreendidos com a capacidade da Ligue 1 manter o melhor jogador europeu da atualidade, poucos pareciam interessados nas letras pequenas do contrato: anos de duração e de quem era a opção de renovar. E como o "diabo" está mesmo nos detalhes, a teoria foi confirmada pela enésima vez.

Vamos ao detalhe: a renovação foi de três anos, mas o terceiro ano do contrato (que terminaria em 2024/25) dependia da vontade do avançado e a vontade de Mbappé foi a de não renovar. Assim, se o PSG não vender Mbappé na próxima janela de mercado, existe uma séria possibilidade de um dos melhores futebolistas do mundo deixar os parisienses de mãos a abanar já no final da temporada que se irá iniciar em julho.

Uma "simples" decisão de Kylian bastou para que soassem os alarmes nas hostes do PSG. O jogador-bandeira da Liga francesa, estrela da Seleção e aquele que até certo ponto foi uma vitória política de Emmanuel Macron (o presidente francês terá tido a sua quota parte na decisão de Mbappé em renovar com o parisienses), tornou-se um sério problema para o PSG. O extremo diz que quer ficar e cumprir o contrato até ao fim, os dirigentes do PSG querem vendê-lo já. Mas não a qualquer preço.

Como em todas as histórias de amor que acabam há sempre um terceiro protagonista. E como não podia deixar de ser, tinha que ser da Arábia Saudita. O Al-Hilal, treinado pelo português Jorge Jesus, chegou a Paris com dinheiro a rodos para distribuir a todos os envolvidos: 300 milhões de euros para o PSG, um salário anual de 700 milhões de euros para Kylian Mbappé e, surpresa das surpresas, a possibilidade do francês sair a custo zero para outro clube no final da época 2023/24.

O PSG já terá aceite a oferta do Al-Hilal. Para muitos, o clube saudita surge como espécie de "lebre" para que o Real Madrid (o quarto "passageiro" nesta autêntica novela) perceba a dimensão do negócio que terá de protagonizar se quer contratar o extremo de 24 anos. Ou, no limite, que Kylian aceda às pretensões do português Luís Campos, diretor desportivo do PSG, e assine um novo contrato.

Quanto ao salário, a oferta de 700 milhões de euros implicaria um esforço de 58,3 milhões de euros por mês para o francês, 14,6 milhões de euros por semana, 2,1 milhões de euros por dia, 87 mil euros por hora, 1.446 euros por minuto e 24 euros por segundo. Claro está que estaríamos perante o jogador mais bem pago do mundo a protagonizar a transferência mais avultada da história.

Do trio de sonho, resta Neymar Jr.

Lionel Messi, Kylian Mbappé e Neymar Jr.: era bom mas acabou-se. O craque argentino está de saída, o francês mostrou intenção de não renovar e promete ser a grande bomba deste mercado e Neymar tarda em cair nas boas graças dos adeptos do PSG. O clube parisiense (com um plantel avaliado em mais de mil milhões de euros), alimentado a petrodólares da Qatar Sports Investments (subsidiária do fundo soberano da Arábia Saudita), tarda em chegar ao coração dos adeptos e à tão ambicionada Liga dos Campeões quiçá pressionado pelo sucesso europeu do Manchester City que levou 13 anos e dois mil milhões de dólares a atingir.

Já sabemos que no PSG não há falta de dinheiro: são contratados os melhores jogadores (estes três tiveram um desempenho desportivo irrepreensível pelo que o ocaso não é de todo de carácter desportivo), diretores de excelência como Luís Campos e treinadores que poderiam ser bem sucedidos em qualquer liga do mundo. Dá para ser campeão nove vezes nos últimos dez anos (antes disso só tinha sido campeão francês duas vezes), para vender muito merchandising mas pouco mais. Parece faltar alma ao clube francês que apesar de parecer um "elefante" numa loja de louças na Ligue 1, só venceu a liga com um ponto de avanço esta temporada.

Messi já foi e, entre assobios e insultos, a despedida do campeão do mundo não foi bonita de se ver. Neymar, que deixou o Barcelona para ganhar protagonismo, parece sempre mais próximo dos problemas e longe de liderar a equipa. Quanto a Mbappé, como se viu, o francês deixou França em choque com a recente revelação de que não irá renovar o vínculo que o liga ao PSG até 2024.