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Mark Snell: A tecnologia "não compete" pelo lugar dos professores

A garantia é do diretor de Educação do grupo Inspired Education, que assegura ao JE que as salas de aula vão continuar a precisar de um professor. As tecnologias trazem muitas vantagens, reconhece, mas as crianças precisam do "toque pessoal" que só os professores podem dar.

Com o mundo em constante desenvolvimento e as tecnologias a permitirem automatizar determinadas profissões que, no passado, eram desempenhadas por pessoas, o papel dos professores terá que ser sempre desempenhados por homens e mulheres, de acordo com o diretor de Educação do grupo Inspired Education no Reino Unido, Mark Snell.

Trata-se de um grupo que detém vários colégios privados, um pouco por todo o mundo. Está presente em Portugal com a marca Park, com três campus na zona de Lisboa, situados na Praça de Espanha, Belém e Alfragide. Foi neste último que o Jornal Económico (JE) esteve à conversa com o responsável, que no passado dirigiu, entre 2008 e 2023, a Wetherby School (Notting Hill, Londres), onde estudaram os príncipes William e Harry, membros da família real britânica.

De acordo com Mark Snell, a tecnologia desempenha hoje um papel “muito importante” no sistema educativo, mas esta “deve ser usada de forma correta”. Com ferramentas que vão desde os óculos de Realidade Virtual até à Inteligência Artificial (IA), o leque de possibilidades é hoje muito vasto, mas o profissional do sector garante que “as bases não mudaram e não vão mudar”, quando questionado sobre o que antevê para os próximos 20 anos.

“Vamos continuar a ter salas de aula com crianças dos 4 aos 18 anos e um professor”, assegura. Nesse sentido, “não vamos ter robots a ensinar crianças, não iria funcionar”, sublinha, antes de explicar a sua perspetiva. “É preciso haver uma conexão entre o professor e as crianças”, sendo que as escolas serão melhores consoante a “qualidade” dos seus professores, lembra.

O nível dos professores e dos conteúdos lecionados “é o que permite às crianças desenvolverem-se e a tecnologia nunca vai competir com isso, no mundo em que eu vivo”, rematou. Em simultâneo, quanto melhores as escolas forem nestes parâmetros, “melhor será o progresso das crianças em todas as áreas, não apenas academicamente”, reitera, apontando para a importância daquilo que são as chamadas ‘soft skills’.

São necessários professores “que saibam apoiar” os estudantes. Estes últimos precisam da interação com o docente, na medida em que querem ter esse “toque pessoal”, que pode passar por “um sorriso”, a título de exemplo.

Por outro lado, Mark Snell, que diz ser “um pouco old school” nestas temáticas, não esquece as vantagens trazidas pela tecnologia. Esta gera uma série de vantagens diversas, como a possibilidade de fazer apresentações para os colegas, rever as aulas ou mostrá-las a quem entendem, o que traz enorme potencial para a aprendizagem, refere.

“A tecnologia, dessa perspetiva é espetacular e a Inspired está muito avançada”, garante, pelo que pede um “equilíbrio” entre o uso do papel e dos computadores, no contexto das aulas. “Em matérias como a matemática, é mais fácil fazer no papel”, garante, pelo que não descura a necessidade de manter os livros e cadernos nas escolas.

O diretor de Educação do grupo Inspired Education reforça que “a escolha é decisiva” para que os pais e encarregados de educação optem por um colégio privado. Em causa está a possibilidade de os alunos ingressarem no sistema de ensino “A-level”, similar ao português na medida em que se escolhe uma área de estudos. A outra opção passa por escolher o IB Level, que permite fazer “um pouco de tudo”, de forma a receber uma educação mais abrangente.

“Quem investe tanto” na educação das suas crianças, “vai querer poder escolher” o caminho que estes tomam, concluiu o responsável.