A Madeira pretende ter até ao final do ano a oficialização da sua Zona Livre Tecnológica (ZLT), que vai da Ponta do Sol à Ponta do Pargo, em Diário da República, para que no início do próximo ano já esteja operacional. Esta será uma ferramenta que estará ao dispor de empresas e investigadores que queiram testar tecnologias no mar e que se pretende que traga retorno económico para a Região Autónoma.
Na gestão desta ZLT estará a ARDITI uma decisão que vai permitir diminuir a burocracia e facilitar o trabalho das empresas e investigadores na obtenção de licenças que permitem testar as suas tecnologias na Região.
A ZLT da Madeira será chamada de ‘Mar de Magalhães’.
O coordenador do Smart Islands Hub, Paulo Abreu, explica, ao Económico Madeira, que será colocado ao serviço dessa Zona Livre Tecnológica toda a infraestrutura tecnológica oceânica.
Paulo Abreu salientou que uma das vantagens competitivas da Madeira passa por se poder a cerca de 500 metros da costa, já se poder ir aos mil metros [de profundidade], algo que “as grandes potências europeias não têm esta vantagem, quando querem experimentar tecnologia em mar profundo”, logo não possuem acesso a um local nos seus países onde possa, realizar testes às suas tecnologias.
“A Madeira, com esta Zona Livre Tecnológica, vai abrir essa possibilidade. Criamos um regulamento muito específico que proteja as nossas águas em áreas como a sustentabilidade, a poluição, e o risco. Mas a ARDITI vai desempenhar um papel de gestor da ZLT que é, no fundo, uma colaboração com todas as entidades regionais mas de forma facilitada”.
Na prática o processo será muito menos burocrático. Se antes uma empresa que quisesse testar na Madeira tinha de passar por várias entidades para pedir uma licença que permitisse fazer testes agora tudo fica concentrado numa entidade, neste caso a ARDITI.
“Nós, como entidade única, já com o regulamento de cooperação com as outras entidades, vamos ser os gestores desta zona e vamos emitir as licenças para que multinacionais possam vir cá fazer esse tipo de testes. Obviamente que isto não vai ser gratuito. Vamos colocar a nossa plataforma oceânica de suporte a esta zona, vêm cá fazer experimentação, vêm cá testar tecnologias inovadoras e nós damos o suporte. E com isso obtemos alguma receita”, refere Paulo Abreu.
Paulo Abreu considera que a ZLT será também benéfica para a Madeira porque será uma zona que vai permitir atrair cientistas, numa zona contida, e com as regras aplicáveis à Região.
“Eu acho que a Madeira finalmente vai ter os meios e vai ter as condições para fazer um trabalho no mar, como nunca teve na sua história”, disse Paulo Abreu.
Ao nível nacional já existe uma Zona Livre Tecnológica na península de Troia.