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"Lucros do Vila Galé em 2023 devem andar em torno dos 60 milhões de euros"

Em conversa com o Jornal Económico, o presidente do Vila Galé revelou que o grupo hoteleiro deverá ter fechado o ano de 2023 com cerca de 60 milhões de euros de lucro. E salienta que alguns destinos da África lusófona continuam no radar da empresa, mas apenas quando deixarem de ser tão problemáticos.

O Vila Galé está a estudar ou estudou a possibilidade de abrir hotéis em África, nomeadamente a África lusófona?
A ser era na África Lusófona, sim. Nós andámos a estudar Moçambique antes da pandemia. Mas foi justamente naquela altura em que deflagrou, novamente, aqueles problemas com [incursões de] rebeldes no Norte (perto de Cabo Delgado). E o local que nos interessava em Moçambique era justamente onde estava "quente". Estava e está, ainda. Moçambique é um país com tanto potencial...

Nunca se soube que a Vila Galé estava a estudar Moçambique. Nunca falou sobre isso na imprensa.
Não, porque estava tão embrionário...

Mas pode vir a ser estudado novamente, ou não?
Claro. Em Moçambique – vou-lhe dizer – tem umas praias fabulosas. Só que a gente ia-se meter em confusões. O Brasil já não é fácil, basta ver se que nós somos dos resistentes do Brasil, certo? Agora, São Tomé e Príncipe. O Príncipe é lindo, mas é um país que está também tão complicado, é tão difícil... Se eles tivessem sido inteligentes, aquilo agora era uma Região Autónoma de Portugal, ainda por cima uma região ultraperiférica. Era uma terceira região autónoma, mas esta era ultraperiférica. De modo que tinha vantagens, apoios e incentivos. [Por exemplo, poderia pagar menos taxas de carbono na aviação].

E outros países, o que mais têm visto?
O que é que temos mais visto? Andamos há muitos anos a ver Cabo Verde, mas hoje os preços que nos pedem para qualquer coisa são um disparate. Muito mais caro [do que no Brasil ou outros locais].

Para a construção, para licenciamento?
Para essas coisas todas. E é tudo difícil.

E Angola?
A Angola não vou há dez anos. E as vezes que eu fui lá  no passado, era tudo tão complicado, tudo tão confuso também. Tem potencial, também. Mas agora estamos nesta onda e temos de capitalizar o esforço que fizemos no Brasil. Hoje temos um prestígio muito grande no Brasil. Inclusivamente oferecem-nos terrenos para a Vila Galé construir.

Em relação à obtenção de licenciamento, é mais fácil no Brasil do que em Portugal?
Não, é igualmente difícil face a Portugal. Aliás, a conto muitas vezes uma história sobre o primeiro hotel que fiz [no Brasil] e fui-me queixar ao governador do Ceará, que era o Tasso Jereissati, que era também, na época, presidente do PSDB. E queixei-me da burocracia. Ele disse: "Oh Jorge, tu não te venhas queixar, quem trouxe essa porra para cá foram vocês, portugueses". E eu disse: "Tem razão, mas vocês capricharam".

Dos resultados operacionais que anunciaram para 2023, quanto é que é lucros?
Anunciámos resultados operacionais. O resultado operacional do grupo inteiro este ano [2023] deve andar em torno dos 100 milhões de euros.

O Vila Galé tem receitas de 158 milhões de euros em Portugal, mais uns 117 milhões no Brasil e têm resultados operacionais de cerca de 100 milhões de euros.
É o nosso resultado operacional, a diferença entre o que se vende e o que se compra. Mas depois temos que tirar muita coisa: encargos financeiros, impostos. Lucros? Penso que este ano deverá andar em torno de uns 60 milhões. É que só em impostos temos uma carga... Aí uns 60 milhões, é a nossa estimativa de lucro, porque só vamos ter resultados em maio.