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Kim Jong-un oferece “apoio total” a Putin na “luta sagrada” contra o Ocidente

Líder norte-coreano apoia Moscovo e em troca quer suporte para a sua estratégia de desenvolvimento da área militar. Mas a China pode não estar interessada numa aliança que perturbará a sua posição.

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, ofereceu ao seu homólogo Vladimir Putin durante a sua visita à Rússia o seu apoio à “luta sagrada” do país contra o Ocidente, segundo avançam as agências internacionais. Em troca, quer, possivelmente, ajuda russa ao programa espacial da Coreia do Norte.

Aliás, os dois líderes reuniram-se esta quarta-feira numa base espacial no extremo leste da Rússia, mas isso não foi suficiente para que os analistas deixassem de considerar que o principal motivo da visita tem diretamente a ver com questões de armamento. Ninguém duvida que qualquer ajuda nessa área será bem-vinda para Moscovo, mas isso pode entrar em conflito com as pretensões chinesas.

Segundo Francisco Seixas da Costa, a excessiva vontade de a Coreia do Norte crescer em termos de capacidade bélica não é propriamente uma boa notícia para Pequim. O governo de Xi Jinping não está interessado em ter concorrência na região – mesmo que, à sua volta, os ‘potenciais inimigos’ estejam a remodelar (e a aumentar) a sua capacidade de resposta. Japão, Austrália e Coreia do Sul são uma espécie de cintura de segurança em volta da China. Apesar disso, qualquer excesso de exposição a uma amizade demasiado próxima com a Coreia do Norte pode ser incómoda para a China.

Por outro lado, a China não estará interessada em que a Rússia desenvolva parcerias fora do contexto da influência que conseguiu ganhar em Moscovo desde que a guerra na Ucrânia começou.

Os Estados Unidos, tal como a China, estão mais interessados na questão militar que nos temas espaciais. A Casa Branca disse esta semana que a Coreia do Norte “pagaria um elevado preço” se fornecesse material militar à Rússia.

De qualquer modo, Putin e Kim Jong-un demonstraram publicamente no cosmódromo de Vostochny, na remota região de Amur, o quão próximos estão um do outro, pelo menos nesta fase da geoestratégia mundial.

A Coreia do Norte fez enormes avanços nos seus programas de armas nucleares e balísticas, apesar de anos de sanções lideradas pela ONU e apoiadas pela própria Rússia, mas saiu-se menos bem nas suas tentativas de lançar um satélite para o espaço. Segundo alguns especialistas, a Coreia do Norte tentou lançar um satélite espião nos últimos meses, mas terá sido mal-sucedido.

Segundo a imprensa russa, Kim Jong-um disse a Vladimir Putin que a Coreia do Norte fará dos laços bilaterais com a Rússia a sua prioridade número um em termos internacionais, e que observa a guerra na Ucrânia como uma tentativa de desafiar "forças hegemónicas" que tentam minar a segurança da Rússia.

"Agora a Rússia levantou-se numa luta sagrada para proteger a sua soberania e segurança contra essas forças que se opõem à Rússia. Queremos desenvolver ainda mais a nossa relação", disse.

Ao encontro a sós, entre os dois líderes, seguiram-se debates entre as delegações e um jantar oficial em homenagem ao líder coreano.